domingo, 30 de dezembro de 2012
Tourigo
Tourigo é uma freguesia portuguesa do concelho de Tondela, com 8,90 km² de área e 512 habitantes (2011). Densidade: 57,5 hab/km².
Situada a 15Km da cidade de Tondela, é uma vila constituída por um povo de gente alegre e hospitaleira que ao longo dos anos foi desenvolvendo ofícios e tradições ligadas, sobretudo, aos trabalhos agrícolas.
Tourigo confina em si a beleza e a rusticidade própria da vida agrícola onde predomina o verde floresta da próxima Serra do Caramulo e dos inúmeros campos de pastorícia. É atravessado por duas linhas de água que em tempos foram de fulcral importância na implantação de moinhos de água. Faz parte, ainda da sua história, o histórico Rego do Esporão que continua a dar vida à agricultura local.
No que respeita a serviços sociais a população é servida pelo Centro Social do Tourigo, do qual faz parte o Centro do Dia, com a valência de Apoio Domiciliário, por uma Escola Primária, um Jardim de Infância, uma Zona de Lazer, entre outros serviços e locais a visitar e instituições de distinguível valor.
Atualmente, os habitantes desta localidade trabalham essencialmente na madeira, construção civil, avicultura, tendo simultaneamente como ocupação a agricultura e pastorícia de subsistência.
Mas não é para falar de destinos turísticos que me pedem para escrever para o nosso jornal, e peço desde já desculpa por não ser tão regular como eu queria.
Tourigo não é só a terra com gente hospitaleira que vos falo em cima, é muito para além disso. Tourigo é o berço da nossa Touriga nacional, casta muito apreciada por terras e Portugal e já alem fronteiras, tinho conhecimento que em Africa do Sul já se começam a fazer plantações dessa tão nobre casta
Touriga Nacional é uma casta tinta da família das Vitis Viniferas é casta vigorosa com tendência para fazer abrolhar muitos gomos secundários e latentes e assim formar muitas netas que adensam a copa – por vezes perigosamente na zona da frutificação. Convêm-lhe porta-enxertos de baixo ou médio vigor.
Porte muito retombante o que aconselha um sistema de suporte com arames duplos móveis e o encaminhamento frequente e precoce da vegetação, em simultâneo com podas em verde dos lançamentos parasitas.
Permite poda curta em cordão royat (unilateral ou bilateral) sendo que os talões não devem ser demasiado curtos – pelo menos 3 gomos incluindo o da coroa.
A Touriga Nacional é uma casta muito exigente quanto à forma de ser conduzida e na ausência de alguns preceitos culturais como excesso de vigor e copas muito densas pode ser sujeita a intenso desavinho, sobretudo se o clima decorrer frio e húmido durante a floração.
No tocante ao rendimento e em resultado da seleção clonal, a Touriga Nacional revela hoje uma produtividade aceitável – em termos médios, situada entre 5 a 8 ton/ha
Embora revele boa adaptação a grande diversidade de solos, os terrenos férteis e frescos no Verão são-lhe pouco favoráveis em vista da qualidade. Pelo contrário, é satisfatoriamente rústica, suportando alguma carência hídrica no Verão, excepto nos solos delgados onde pode sofrer esfoliações intensas.
A Touriga Nacional não revela especial sensibilidade ao conjunto das doenças e pragas mais habituais. A forma de condução e o vigor podem, no entanto, condicionar a sensibilidade às doenças e pragas.
Verifica-se, no entanto, uma nítida sensibilidade à escoriose.
.Entre as tintas é a casta mais nobre de Portugal. É a rainha das uvas portuguesas e que pelas suas qualidades para a vinificação, começa a ocupar cada vez mais espaço nas produções europeias, australianas e californianas. Em Portugal, é plantada desde o Douro até ao Alentejo. O cacho, pequeno e alongado, possui bagos diminutos, arredondados, de tamanho não uniforme, com a epiderme negra-azul revestida de forte pruína; a polpa é rija, não corada, suculenta e de sabor peculiar.
Apresenta uma maturação média e a produção pode ser algo heterogénea. Normalmente apresenta volumes algo inferiores aos da casta Tinta Roriz/Aragonês e bastante inferiores às castas Jaen, Alfrocheiro, Tinta Barroca e Touriga Francesa sendo estas as castas a que normalmente é associada para a produção de vinhos multivarietais.
Quando usada numa percentagem conveniente, obtêm-se vinhos com bom teor alcoólico, com aromas intensos de elevada complexidade, especialmente a violeta, encorpados, com taninos nobres e susceptíveis de longo envelhecimento.
É Considerada a melhor casta para elaborar o vinho de Porto.
Dá excelentes vinhos, carregados de cor, muito aromáticos, adstringentes, com frutado intenso. São vinhos de guarda, exigentes em tecnologia que possa torná-los bebíveis ao fim de poucos anos. Muitas vezes quando o vinho fica bom já nem existe, é bebido antes.
Possui sete clones certificados, obtidos nas condições dos ensaios de seleção.
E são eles:
Touriga Nacional T, clone 17 ISA:
Rendimento médio, com teor alcoólico elevado e acidez total média. Excelente adaptação ambiental. A nota global de prova de vinhos experimentais foi de muito bom.
Touriga Nacional T, clone 18 ISA:
Excelente rendimento, com teor alcoólico médio e acidez total média. A nota global de prova de vinhos experimentais foi de muito bom.
Touriga Nacional T, clone 19 ISA:
Muito bom rendimento, com bom teor alcoólico e acidez total média. A nota global de prova de vinhos experimentais foi de bom.
Touriga Nacional T, clone 20 ISA:
Bom rendimento e acidez total média. A nota global de prova de vinhos experimentais foi de muito bom.
Touriga Nacional T, clone 21 ISA:
Rendimento médio, com excelente teor alcoólico e boa acidez total. A nota global de prova de vinhos experimentais foi de muito bom.
Touriga Nacional T, clone 22 ISA:
Excelente rendimento, com teor alcoólico médio e boa acidez total. Boa estabilidade ambiental. A nota global de prova de vinhos experimentais foi de bom.
Touriga Nacional T, clone 23 ISA:
Rendimento médio, com teor alcoólico médio e acidez total média. A nota global de prova de vinhos experimentais foi de muito bom.
Na minha opinião, e se me permitem, não devemos aposta só na Touriga Nacional, existem castas em Portugal que estão a desaparecer, para terem uma noção no nosso País existem 341 castas catalogadas, há muito por onde escolher. Se não o que vai acontecer um dia é andarmos todos a competir pela Touriga Nacional e esquecermos que temos de diversificar fazer diferente que é onde está realmente a essência dos grandes vinhos.
“Aceita sem receio azeite do cimo, mel do fundo e vinho do meio.”
quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011
Magia
“ O vinho é um composto mágico, mata a vontade, mata a saudade. Faz nascer o calor, acende a paixão, desperta o amor. Traz luz para a vida, sabedoria, bom gosto, desejo, alegria à mesa, acorda o homem, solta a mulher”
E se ao lerem esta pequena introdução o fizermos a saborear um bom vinho? Seria bem mais fácil sentir tudo isso! E quantas memorias não surgiriam??
E um bom vinho não tem de ser obrigatoriamente do Douro, do nosso Douro! Um bom vinho é todo aquele que é bebido com vontade que nos desperta os sentidos, que nos transmite tranquilidade nos toca na alma e nos deixa uma sensação de bem estar físico e emocional.
Quando o vinho é bom há alegria no ar, há sempre vontade de convidar mais um amigo sentirmo-nos rodeados de quem nos faz sentir felizes. É aqui que o vinho se torna um composto magico ! como por magia toda a gente fica desinibida, há gargalhadas de boa disposição, diz-se o que nos vem á cabeça. O que se deve e o que não se deve dizer, mas há muito quem não se importe com aquilo que não se deve dizer!
O vinho seja ele, branco, tinto, rosé, espumante, licoroso, enfim há muitas classificações. O importante é que seja tratado como ele merece, com elegância e com delicadeza. Não podemos estar a espera de um bom momento para abrir uma garrafa e beber o tal bom vinho. Esse momento tem de ser feito por nós. As ocasiões especiais somos nós que as fazemos e não depende de mais ninguém.
Alguém uma vez disse; “ a vida é boa demais para se beber um mau vinho”
Seja responsável , beba com moderação
E se ao lerem esta pequena introdução o fizermos a saborear um bom vinho? Seria bem mais fácil sentir tudo isso! E quantas memorias não surgiriam??
E um bom vinho não tem de ser obrigatoriamente do Douro, do nosso Douro! Um bom vinho é todo aquele que é bebido com vontade que nos desperta os sentidos, que nos transmite tranquilidade nos toca na alma e nos deixa uma sensação de bem estar físico e emocional.
Quando o vinho é bom há alegria no ar, há sempre vontade de convidar mais um amigo sentirmo-nos rodeados de quem nos faz sentir felizes. É aqui que o vinho se torna um composto magico ! como por magia toda a gente fica desinibida, há gargalhadas de boa disposição, diz-se o que nos vem á cabeça. O que se deve e o que não se deve dizer, mas há muito quem não se importe com aquilo que não se deve dizer!
O vinho seja ele, branco, tinto, rosé, espumante, licoroso, enfim há muitas classificações. O importante é que seja tratado como ele merece, com elegância e com delicadeza. Não podemos estar a espera de um bom momento para abrir uma garrafa e beber o tal bom vinho. Esse momento tem de ser feito por nós. As ocasiões especiais somos nós que as fazemos e não depende de mais ninguém.
Alguém uma vez disse; “ a vida é boa demais para se beber um mau vinho”
Seja responsável , beba com moderação
segunda-feira, 20 de dezembro de 2010
O cachão da valeira
A inscrição no Cachão da Valeira, que data do séc. XVIII, encontra-se no lugar do Ermo, na margem esquerda do rio Douro, a 1 Km, a montante, da barragem da Valeira, sendo acessível apenas por barco. É uma inscrição epigráfica incrustada na face voltada a N. De um rochedo granítico, a 247 palmos acima da superfície das águas, com letras latinas, capitulares, embutidas de bronze dourado, e encimada pela incrustação de uma coroa fechada.Nela pode ler-se: IMPERANDO D. MARIA PRIMEIRA/ SE DEMOLIU O FAMOZO ROCHEDO/ QUE FAZENDO AQUI/ HUM CACHAM INACCESSIVEL/ IMPOSSIBILITAVA A NAVEGAÇÃO/ DESDE O PRINCIPIO DOS SÉCULOS/ DUROU A OBRA/ DESDE 1780 ATÉ 1791/ PATRIAM AMAVI FILIOS QUÉ DILEXI. Em 1530, verificaram-se as primeiras tentativas para destruir o Cachão da Valeira, uma cascata numa garganta rochosa do rio, que impedia a navegabilidade completa do rio Douro, por Martim de Figueiredo, com "Fogo de Vinagre"; nos séc. XVII e XVIII, mais precisamente nos reinados de D. Pedro II e D. João V foram efectuados diversos estudos para a execução da obra; em 1779, a Companhia Geral da agricultura e Vinhas do Alto Douro recebe autorização de D. Maria I para cobrar impostos sobre o vinho, aguardente e vinagre transportados pelo rio Douro, com o propósito de os aplicar em obras que o tornassem navegável. Um dos obstáculos era o Cachão da Valeira ou de S. Salvador da Pesqueira, constituído por um estrangulamento do rio Douro entre enormes fragas abruptas que faziam precipitar as águas numa queda de 7 metros de altura, formando inferiormente um poço. O padre António Manuel Camelo, de S. João da Pesqueira, foi encarregue da destruição dos rochedos e alargamento do leito do rio, coadjuvado por José Maria Yola, Engenheiro Hidráulico da Sardenha. Em 1780, inicia-se a obra de demolição do Cachão, com mais de 4300 tiros dados abaixo da linha de água, alargando-se o leito do rio 35 pés; em 1789, os primeiros barcos começaram a subir e a descer o rio com segurança; e em 1791, a obra foi dada como concluída. Em 1976, assiste-se à construção da barragem da Valeira.
terça-feira, 31 de agosto de 2010
Em que Reino
“Em que reino, em que século, sob que silenciosa
Conjugação dos astros, em que dia secreto
Que mármore não salvou, surgiu a valorosa
E singular ideia de inventar a alegria
Com Outonos de ouro a inventaram.
O vinho rubro ao longo das gerações
Como o rio do tempo no árduo caminho
Nos invada sua música, seu fogo e seus leões.
Na noite do júbilo na jornada adversa
Exalta ou mitiga o espanto
E a exaltação nova que este dia lhe canto
Outrora a cantarem o árabe e o persa.
Vinho, ensina-me a arte de ver minha própria história
Como se esta já fora cinza na memória.”
Conjugação dos astros, em que dia secreto
Que mármore não salvou, surgiu a valorosa
E singular ideia de inventar a alegria
Com Outonos de ouro a inventaram.
O vinho rubro ao longo das gerações
Como o rio do tempo no árduo caminho
Nos invada sua música, seu fogo e seus leões.
Na noite do júbilo na jornada adversa
Exalta ou mitiga o espanto
E a exaltação nova que este dia lhe canto
Outrora a cantarem o árabe e o persa.
Vinho, ensina-me a arte de ver minha própria história
Como se esta já fora cinza na memória.”
quarta-feira, 7 de julho de 2010
Algumas senhoras não gostam de vinho, só gostam de Champagne.
Na sua forma mais próxima da actual, os vinhos efervescentes terão nascido na região de Champagne, no seio das congregações beneditinas, de que a mais famosa é a abadia de Saint-Pierre d´Hautvillers.
Foi aqui que o lendário Dom Pérignon (1638-1715) pôs em prática o seu grande talento enológico e desenvolveu a produção de um vinho que viria a salvar a economia do seu mosteiro e de toda a vasta região de Champagne.
Diz um dos seus discípulos que Dom Pérignon “não provava as uvas nas vinhas, ainda que lá se deslocasse todos os dias com o aproximar da maturidade. Recebia amostras de uvas de vinhas que destinava aos vinhos de primeira qualidade e deixava-as passar a noite ao ar, sobre a sua janela. Na manhã seguinte provava-as, tendo em conta as condições do ano – precoce, tardio, frio ou pluvioso – e o facto de as vinhas estarem bem ou mal providas de folhas. Tudo isto lhe indicava as regras para a composição dos seus vinhos mais distintos.”
Pode pois, com justiça, atribuir-se a Dom Pérignon a paternidade das assemblages, ou seja, das judiciosas misturas de uvas ou de vinhos com origem e condições de produção diferentes, uma questão que continua perfeitamente actual.
O fenómeno do rebentamento de garrafas, algumas semanas após o enchimento dos vinhos, deve ter intrigado Dom Pérignon e os seus contemporâneos, que, em breve, concluíram haver uma refermentação no interior da garrafa. Daí ao controlo do fenómeno foi um passo. Se o vinho fosse adicionado de uma quantidade correcta de açúcar ele iria fermentar dentro da garrafa, produzindo efervescência, sem pressão excessiva e, por isso, sem rebentamento.
Um dos aspectos de que esses precursores muito cuidaram foi o da prensagem das uvas. Já então, dominavam em Champagne as uvas de castas tintas, como a Pinot Noir. A extracção de um mosto pouco corado a partir de uvas tintas, embora facilitada pelo facto de as uvas, em Champagne, não serem muito ricas em matéria corante, exige, de qualquer modo, uma técnica de prensagem muito apurada, que se deve em parte ao génio de Dom Pérignon, Frére Oudar (1654 – 1742) e, certamente, muitos outros religiosos dessas notáveis congregações beneditinas.
As primeiras tentativas de produção de espumante em Portugal terão surgido na região do Douro. Ferreira Lapa (1874) diz que provou vinhos espumantes do Douro, da casa Forrester, apresentados na exposição agrícola do porto de 1860, “que não ficariam abaixo dos melhores Sillery”.
Outras notícias indicam que, por volta de 1885, foram elaborados vinhos espumantes em Castelo de Vide. Ignora-se o alcance comercial destas iniciativas, sendo provável que tenham tido pouco êxito, a avaliar pela escassa referência que lhes é feita nos anos seguintes.
O que se conhece, documentalmente, é o testemunho dado em pleno Congresso Vitícola Nacional, em 1895, pelo Eng.º agrónomo José Maria Tavares da Silva, primeiro director da então chamada Escola Prática de Viticultura e Pomologia da Bairrada, hoje Estação Vitivinícola da Bairrada.
Afirmou Tavares da Silva: “comecei a elaboração de espumantes em 1890, ano em que igualmente começou a Real Companhia do Norte”.
Conclui-se, portanto, que o início da produção de espumante à escala comercial se deu no mesmo ano na Bairrada e em Vila Nova de Gaia. Alguns anos depois (1898) arrancou a produção em Lamego, sob a égide do Comendador José Teixeira Rebelo Júnior.
Com a publicação do Decreto-Lei nº 70/91, de 8 de Fevereiro, reconhece-se, pela primeira vez em Portugal, uma denominação de origem para espumante, precisamente a denominação Bairrada, relativamente à qual se definem as condições de produção e comercialização respectivas.
Posteriormente, diversas regiões portuguesas adaptaram os seus estatutos à produção de espumante que é hoje uma realidade em quase todo o território nacional.
Foi aqui que o lendário Dom Pérignon (1638-1715) pôs em prática o seu grande talento enológico e desenvolveu a produção de um vinho que viria a salvar a economia do seu mosteiro e de toda a vasta região de Champagne.
Diz um dos seus discípulos que Dom Pérignon “não provava as uvas nas vinhas, ainda que lá se deslocasse todos os dias com o aproximar da maturidade. Recebia amostras de uvas de vinhas que destinava aos vinhos de primeira qualidade e deixava-as passar a noite ao ar, sobre a sua janela. Na manhã seguinte provava-as, tendo em conta as condições do ano – precoce, tardio, frio ou pluvioso – e o facto de as vinhas estarem bem ou mal providas de folhas. Tudo isto lhe indicava as regras para a composição dos seus vinhos mais distintos.”
Pode pois, com justiça, atribuir-se a Dom Pérignon a paternidade das assemblages, ou seja, das judiciosas misturas de uvas ou de vinhos com origem e condições de produção diferentes, uma questão que continua perfeitamente actual.
O fenómeno do rebentamento de garrafas, algumas semanas após o enchimento dos vinhos, deve ter intrigado Dom Pérignon e os seus contemporâneos, que, em breve, concluíram haver uma refermentação no interior da garrafa. Daí ao controlo do fenómeno foi um passo. Se o vinho fosse adicionado de uma quantidade correcta de açúcar ele iria fermentar dentro da garrafa, produzindo efervescência, sem pressão excessiva e, por isso, sem rebentamento.
Um dos aspectos de que esses precursores muito cuidaram foi o da prensagem das uvas. Já então, dominavam em Champagne as uvas de castas tintas, como a Pinot Noir. A extracção de um mosto pouco corado a partir de uvas tintas, embora facilitada pelo facto de as uvas, em Champagne, não serem muito ricas em matéria corante, exige, de qualquer modo, uma técnica de prensagem muito apurada, que se deve em parte ao génio de Dom Pérignon, Frére Oudar (1654 – 1742) e, certamente, muitos outros religiosos dessas notáveis congregações beneditinas.
As primeiras tentativas de produção de espumante em Portugal terão surgido na região do Douro. Ferreira Lapa (1874) diz que provou vinhos espumantes do Douro, da casa Forrester, apresentados na exposição agrícola do porto de 1860, “que não ficariam abaixo dos melhores Sillery”.
Outras notícias indicam que, por volta de 1885, foram elaborados vinhos espumantes em Castelo de Vide. Ignora-se o alcance comercial destas iniciativas, sendo provável que tenham tido pouco êxito, a avaliar pela escassa referência que lhes é feita nos anos seguintes.
O que se conhece, documentalmente, é o testemunho dado em pleno Congresso Vitícola Nacional, em 1895, pelo Eng.º agrónomo José Maria Tavares da Silva, primeiro director da então chamada Escola Prática de Viticultura e Pomologia da Bairrada, hoje Estação Vitivinícola da Bairrada.
Afirmou Tavares da Silva: “comecei a elaboração de espumantes em 1890, ano em que igualmente começou a Real Companhia do Norte”.
Conclui-se, portanto, que o início da produção de espumante à escala comercial se deu no mesmo ano na Bairrada e em Vila Nova de Gaia. Alguns anos depois (1898) arrancou a produção em Lamego, sob a égide do Comendador José Teixeira Rebelo Júnior.
Com a publicação do Decreto-Lei nº 70/91, de 8 de Fevereiro, reconhece-se, pela primeira vez em Portugal, uma denominação de origem para espumante, precisamente a denominação Bairrada, relativamente à qual se definem as condições de produção e comercialização respectivas.
Posteriormente, diversas regiões portuguesas adaptaram os seus estatutos à produção de espumante que é hoje uma realidade em quase todo o território nacional.
quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010
A filoxera
A filoxera é um minúsculo insecto (0,3 a 3 mm de comprimento nos seus diversos estádios de desenvolvimento) sugador de seiva, aparentado com os pulgões, com um ciclo de vida muito complexo e totalmente dependente da vinha, única planta em que pode desenvolver-se.
Um professor meu dizia: “a filoxera é como a coca-cola, é ruim e vem da América”. A filoxera está hoje presente em todos os continentes, sendo um dos exemplos mais marcantes do efeito humano sobre a dispersão das espécies, já que, em poucas décadas, esta espécie evoluiu de um habitat localizado para uma distribuição global, com uma rapidez que, ainda hoje, não deixa de surpreender.
A sua expansão foi rápida e devastadora progredindo pelos vinhedos em "mancha de óleo" a partir dos pontos de infecção. A velocidade de expansão dependeu da densidade das vinhas e das características edáfo-climáticas das regiões, progredindo mais rapidamente na direcção dos ventos dominantes no fim do verão dado que a fundação de novas colónias depende da chegada das minúsculas fêmeas que são facilmente arrastadas pelos ventos.
A sua introdução em territórios distantes deve-se à imprudência humana já que os ovos de inverno e as formas radículas sobrevivem facilmente ao transporte de plantio ou de partes das videiras, podendo mesmo os ovos ser transportados em ferramentas, roupas ou outros objectos que tenham estado em contacto com videiras infectadas. Assim, apesar de todos cuidados e das medidas de isolamento fitossanitário tomadas em muitos estados desde os finais do século XIX para combater esta praga, ela não parou de se expandir.
Esta praga foi identificada pela primeira vez em Portugal em 1865 na região demarcada do douro mais propriamente em vila real. Imediatamente as vinhas começaram a ficar destruídas e como consequência deixou de haver vinho. O vinho de Porto na altura era o produto mais exportado do nosso país que mais contribuía para a economia nacional. A situação de crise estava instalada governo foi obrigado a tomar medidas chamadas na altura de "quase de foro de salvação nacional". Foram tempos duros e muito difíceis!
Mas a salvação surgiu pelas mãos de Dona Antónia Adelaide Ferreira, A Ferreirinha, descobre que as videiras enxertadas em porta-enxertos americanos são resistentes a praga. Tendo a certeza desse facto manda enxertar todas a vinhas com esses porta-enxertos. Hoje em dia nós mesmo ainda chamamos e muito empiricamente americano aos porta-enxertos utilizados para a plantação das vinhas novas.
Passado mais de um século do aparecimento da praga podemos ver ainda hoje na nossa região os mortórios, vinhas atacadas pela filoxera e abandonadas desde então. Sebastião José de Carvalho e Melo, O Marquês de Pombal, autoriza o cultivo do tabaco nas terras Durienses, mas em vão. Não sabíamos cultivar tabaco, nunca tínhamos ouvido falar da cultura, não fazia parte da nossa cultura.
Aquilo que nos une à vinha é muito mais forte do que aquilo que nos separa…
Um professor meu dizia: “a filoxera é como a coca-cola, é ruim e vem da América”. A filoxera está hoje presente em todos os continentes, sendo um dos exemplos mais marcantes do efeito humano sobre a dispersão das espécies, já que, em poucas décadas, esta espécie evoluiu de um habitat localizado para uma distribuição global, com uma rapidez que, ainda hoje, não deixa de surpreender.
A sua expansão foi rápida e devastadora progredindo pelos vinhedos em "mancha de óleo" a partir dos pontos de infecção. A velocidade de expansão dependeu da densidade das vinhas e das características edáfo-climáticas das regiões, progredindo mais rapidamente na direcção dos ventos dominantes no fim do verão dado que a fundação de novas colónias depende da chegada das minúsculas fêmeas que são facilmente arrastadas pelos ventos.
A sua introdução em territórios distantes deve-se à imprudência humana já que os ovos de inverno e as formas radículas sobrevivem facilmente ao transporte de plantio ou de partes das videiras, podendo mesmo os ovos ser transportados em ferramentas, roupas ou outros objectos que tenham estado em contacto com videiras infectadas. Assim, apesar de todos cuidados e das medidas de isolamento fitossanitário tomadas em muitos estados desde os finais do século XIX para combater esta praga, ela não parou de se expandir.
Esta praga foi identificada pela primeira vez em Portugal em 1865 na região demarcada do douro mais propriamente em vila real. Imediatamente as vinhas começaram a ficar destruídas e como consequência deixou de haver vinho. O vinho de Porto na altura era o produto mais exportado do nosso país que mais contribuía para a economia nacional. A situação de crise estava instalada governo foi obrigado a tomar medidas chamadas na altura de "quase de foro de salvação nacional". Foram tempos duros e muito difíceis!
Mas a salvação surgiu pelas mãos de Dona Antónia Adelaide Ferreira, A Ferreirinha, descobre que as videiras enxertadas em porta-enxertos americanos são resistentes a praga. Tendo a certeza desse facto manda enxertar todas a vinhas com esses porta-enxertos. Hoje em dia nós mesmo ainda chamamos e muito empiricamente americano aos porta-enxertos utilizados para a plantação das vinhas novas.
Passado mais de um século do aparecimento da praga podemos ver ainda hoje na nossa região os mortórios, vinhas atacadas pela filoxera e abandonadas desde então. Sebastião José de Carvalho e Melo, O Marquês de Pombal, autoriza o cultivo do tabaco nas terras Durienses, mas em vão. Não sabíamos cultivar tabaco, nunca tínhamos ouvido falar da cultura, não fazia parte da nossa cultura.
Aquilo que nos une à vinha é muito mais forte do que aquilo que nos separa…
sábado, 12 de dezembro de 2009
contra-rotulos
Infelizmente, nos últimos tempos, este meu secreto prazer anda a ser contrariado por uma corja de “designers” (todos pós-adolescentes com visão perfeita) que resolvem inventar letras minúsculas, absolutamente ilegíveis sem o recurso a meios auxiliares, tipo lupa, microscópio ou, vá lá, óculos de ver ao perto. Acho que fazem de propósito, para que ninguém leia o que lá se escreveu.
Acontece que eu gosto de ler contra-rótulos precisamente pelo que lá vem escrito. Muitas vezes está lá informação pertinente, como as castas de que o vinho é feito, ou até educativa, como o excerto de uma poesia de Miguel Torga. Mas, confesso, leio todos os contra-rótulos que apanho, sobretudo, porque me deleito imenso com a total e absoluta inutilidade da grande maioria da informação apresentada.
É uma inutilidade tão diversificada que até pode ser agrupada por temas. Há os contra-rótulos auto avaliativos: “este magnífico vinho”; “este néctar precioso”; “um tinto cheio de personalidade e carácter” (a garrafa custava €1,90, a personalidade é barata hoje em dia). Há também os contra-rótulos falinhas mansas: “fizemos o nosso melhor para levar até si este vinho”; “esperamos que este vinho lhe dê tanto prazer a si quanto deu a nós criá-lo” (desconfio sempre das falinhas mansas…). Aprecio igualmente o contra rótulo gastronómico: “óptimo com peixe e saladas”; “perfeito com caça de pena e queijo” (a julgar pelo número de vezes que esta sugestão se repete, acho que metade dos vinhos portugueses são para beber com caça e queijo); “sirva com a gastronomia tradicional alentejana de porco preto ou a inconfundível sopa de cação” (quem queria comer tripas à moda do Porto ou bife com ovo a cavalo, é melhor escolher outro vinho).
Mas os contra-rótulos que mais me entusiasmam são os contra-rótulos tecnológicos. Acho que é neste grupo temático que a inutilidade informativa atinge o seu apogeu. Não imaginam a quantidade de contra-rótulos que asseguram que o vinho foi produzido a partir de “uvas seleccionadas”. Alguns reforçam a mensagem, juntando um “criteriosamente” antes do “seleccionadas”. Quando leio esta deliciosa expressão interrogo-me sempre a que vinho foram parar as outras uvas, as tais, as que foram seleccionadas com menos critério, ou as que não foram seleccionadas de todo…
A temática tecnológica incide sobretudo na adega. Há contra-rótulos que ficam pela rama, não querem contar todos os segredos, malandros: “bica aberta”; “feito de forma tradicional”; “fermentado a baixas temperaturas”. Outros, porém, sabem que os detalhes têm uma importância desmesurada para o consumidor, sendo fundamental conhecer absolutamente tudo para melhor apreciar o vinho: “fermentação em cubas inox à temperatura de 26ºC, com maceração pós fermentativa prolongada durante 16 dias” (se fossem 17 dias, ou 15, o vinho não seria tão perfeito); “fez a maloláctica na barrica“ (malo quê? dirão os mais distraídos, mas esta preciosa informação é só para especialistas); “passou 16 meses em barricas de carvalho francês de Allier grão fino tosta média” (nah, esse é para amadores, vou levar este outro que passou 22 meses em barricas de carvalho Nevers, grão médio, tosta forte, coisa de macho).
Termino esta digressão pelo apaixonante mundo dos contra-rótulos, com mais um contra-rótulo tecnológico, um dos meus preferidos:”pisa mecânica em lagares de mármore alentejano, escolhidos pela sua inércia térmica (15 cm de espessura) e geometria larga e baixa (3m x 3m x 1m)”.
Felizmente, Portugal não é França, onde os contra-rótulos são raros e parece que toda a gente tem obrigação de saber que o “Château Nãoseiquê” é feito com Merlot e Cabernet e fez maceração pós fermentativa de 30 dias. Sinceramente, não percebo como é que os franceses conseguem viver sem contra-rótulos nos seus vinhos. Eu, não dispenso.
Luis Lopes
Revista de Vinhos
Acontece que eu gosto de ler contra-rótulos precisamente pelo que lá vem escrito. Muitas vezes está lá informação pertinente, como as castas de que o vinho é feito, ou até educativa, como o excerto de uma poesia de Miguel Torga. Mas, confesso, leio todos os contra-rótulos que apanho, sobretudo, porque me deleito imenso com a total e absoluta inutilidade da grande maioria da informação apresentada.
É uma inutilidade tão diversificada que até pode ser agrupada por temas. Há os contra-rótulos auto avaliativos: “este magnífico vinho”; “este néctar precioso”; “um tinto cheio de personalidade e carácter” (a garrafa custava €1,90, a personalidade é barata hoje em dia). Há também os contra-rótulos falinhas mansas: “fizemos o nosso melhor para levar até si este vinho”; “esperamos que este vinho lhe dê tanto prazer a si quanto deu a nós criá-lo” (desconfio sempre das falinhas mansas…). Aprecio igualmente o contra rótulo gastronómico: “óptimo com peixe e saladas”; “perfeito com caça de pena e queijo” (a julgar pelo número de vezes que esta sugestão se repete, acho que metade dos vinhos portugueses são para beber com caça e queijo); “sirva com a gastronomia tradicional alentejana de porco preto ou a inconfundível sopa de cação” (quem queria comer tripas à moda do Porto ou bife com ovo a cavalo, é melhor escolher outro vinho).
Mas os contra-rótulos que mais me entusiasmam são os contra-rótulos tecnológicos. Acho que é neste grupo temático que a inutilidade informativa atinge o seu apogeu. Não imaginam a quantidade de contra-rótulos que asseguram que o vinho foi produzido a partir de “uvas seleccionadas”. Alguns reforçam a mensagem, juntando um “criteriosamente” antes do “seleccionadas”. Quando leio esta deliciosa expressão interrogo-me sempre a que vinho foram parar as outras uvas, as tais, as que foram seleccionadas com menos critério, ou as que não foram seleccionadas de todo…
A temática tecnológica incide sobretudo na adega. Há contra-rótulos que ficam pela rama, não querem contar todos os segredos, malandros: “bica aberta”; “feito de forma tradicional”; “fermentado a baixas temperaturas”. Outros, porém, sabem que os detalhes têm uma importância desmesurada para o consumidor, sendo fundamental conhecer absolutamente tudo para melhor apreciar o vinho: “fermentação em cubas inox à temperatura de 26ºC, com maceração pós fermentativa prolongada durante 16 dias” (se fossem 17 dias, ou 15, o vinho não seria tão perfeito); “fez a maloláctica na barrica“ (malo quê? dirão os mais distraídos, mas esta preciosa informação é só para especialistas); “passou 16 meses em barricas de carvalho francês de Allier grão fino tosta média” (nah, esse é para amadores, vou levar este outro que passou 22 meses em barricas de carvalho Nevers, grão médio, tosta forte, coisa de macho).
Termino esta digressão pelo apaixonante mundo dos contra-rótulos, com mais um contra-rótulo tecnológico, um dos meus preferidos:”pisa mecânica em lagares de mármore alentejano, escolhidos pela sua inércia térmica (15 cm de espessura) e geometria larga e baixa (3m x 3m x 1m)”.
Felizmente, Portugal não é França, onde os contra-rótulos são raros e parece que toda a gente tem obrigação de saber que o “Château Nãoseiquê” é feito com Merlot e Cabernet e fez maceração pós fermentativa de 30 dias. Sinceramente, não percebo como é que os franceses conseguem viver sem contra-rótulos nos seus vinhos. Eu, não dispenso.
Luis Lopes
Revista de Vinhos
terça-feira, 8 de dezembro de 2009
Aqui, o Homem
Nem Baco nem meio Baco!:
Aqui é o homem,
desde as mãos ossudas e calosas,
desde o suor
ao sonho que transpõe as nebulosas.
Montes de pedra dura,
gólgotas
onde os geios são escadas!
Venham ver como sobe o desespero
e a esperança, de mãos dadas.
É o homem.
Isso é o homem.
– Nem sátiro nem fauno –
Uma vontade erguida em rubro gládio
que ganha a terra, palmo a palmo.
Vinhas que são o inferno,
o único
em que o fogo é a taça da alegria!
Venham ver um senhor
grandioso como o sol ao meio-dia.
Nem Baco nem meio Baco!:
Aqui é o homem
que nada há que não suporte
mas suporta e persiste.
Aqui é o homem até à morte.
Aqui é o homem,
desde as mãos ossudas e calosas,
desde o suor
ao sonho que transpõe as nebulosas.
Montes de pedra dura,
gólgotas
onde os geios são escadas!
Venham ver como sobe o desespero
e a esperança, de mãos dadas.
É o homem.
Isso é o homem.
– Nem sátiro nem fauno –
Uma vontade erguida em rubro gládio
que ganha a terra, palmo a palmo.
Vinhas que são o inferno,
o único
em que o fogo é a taça da alegria!
Venham ver um senhor
grandioso como o sol ao meio-dia.
Nem Baco nem meio Baco!:
Aqui é o homem
que nada há que não suporte
mas suporta e persiste.
Aqui é o homem até à morte.
António Cabral, Poemas Durienses. – Vila Real : Minerva Transmontana (comp. e impr.), 1963
quarta-feira, 30 de setembro de 2009
A VIDA É FEITA DE NADAS
DE GRANDES SERRAS PARADAS
À ESPERA DE MOVIMENTO
DE CEARAS ONDULADAS
PELO VENTO
DE CASAS DE MORADIA
CAÍDAS E COM SINAIS
DE NINHOS QUE OUTRORA HAVIA
NOS BEIRAIS
DE POEIRA
DE SOMBRA DE UMA FIGUEIRA
DE VER ESTA MARAVILHA:
MEU PAI ERGUER UMA VIDEIRA
COMO UMA MÃE QUE FAZ
A TRANÇA Á FILHA
MIGUEL TORGA
DE GRANDES SERRAS PARADAS
À ESPERA DE MOVIMENTO
DE CEARAS ONDULADAS
PELO VENTO
DE CASAS DE MORADIA
CAÍDAS E COM SINAIS
DE NINHOS QUE OUTRORA HAVIA
NOS BEIRAIS
DE POEIRA
DE SOMBRA DE UMA FIGUEIRA
DE VER ESTA MARAVILHA:
MEU PAI ERGUER UMA VIDEIRA
COMO UMA MÃE QUE FAZ
A TRANÇA Á FILHA
MIGUEL TORGA
sábado, 26 de setembro de 2009
Preocupante
A redução da produção de Vinho do Porto nesta vindima vai agravar a situação "já difícil" de muitos viticultores durienses, que não viram o preço de venda do vinho aumentar nos últimos 10 anos, alertou o presidente da Casa do Douro (CD).
Na vindima 2009, a Região Demarcada do Douro vai beneficiar 110.000 pipas de vinho, menos 13.500 que no ano anterior. Esta redução traduz-se em menos 13,5 milhões de euros de rendimentos para os produtores vitivinícolas.
"Em muitos lares do Douro vão ter que comer o arrozinho com molho de tomate e uma sardinha para duas ou três pessoas. Sei que isto agride mas é a realidade que já vivem muitas famílias no Douro", salientou o presidente da CD.
Fonte: www.rtp.pt
Na vindima 2009, a Região Demarcada do Douro vai beneficiar 110.000 pipas de vinho, menos 13.500 que no ano anterior. Esta redução traduz-se em menos 13,5 milhões de euros de rendimentos para os produtores vitivinícolas.
"Em muitos lares do Douro vão ter que comer o arrozinho com molho de tomate e uma sardinha para duas ou três pessoas. Sei que isto agride mas é a realidade que já vivem muitas famílias no Douro", salientou o presidente da CD.
Fonte: www.rtp.pt
sexta-feira, 25 de setembro de 2009
O Orgulho a Força e a Motivação...
Falar do Vinho do Porto e do Douro sem falar de D. Antónia é quase impossível. Personagem da vida do Douro e do Vinho do Porto, conhecida por "Ferreirinha", nasceu na Régua em 1811. Mulher determinada e corajosa, construiu um enorme império durante o século XIX.
Era uma pessoa que gostava de ajudar os mais pobres, que teve a coragem de desafiar homens poderosos e serviu de exemplo e orgulho das gentes Durienses.
A história dos Ferreiras começa com Bernardo Ferreira, proprietário no Douro, que sob pena de prisão foi obrigado pelo Marquês de Pombal a cultivar umas terras denominadas de Montes de Rodo, convertendo-as em bonitas quintas. Com este tipo de medidas, não muito correctas, o Marquês de Pombal conseguiu que muitos proprietários aumentassem os seus bens agrícolas. Foi morto pelas tropas de Napoleão, pois estas confundiram-no com um desertor, quando lhes dirigiu a palavra num impecável francês. Deixou 3 filhos, José, António e Francisco. José e António tiveram respectivamente uma filha, Antónia Adelaide, e um filho, António Bernardo, que casaram em 1834. Deste casamento têm 3 filhos, Maria d`Assunção (mais tarde condessa de Azambuja), um rapaz, de seu nome António Bernardo, e Maria Virgínia (tendo morrido em menina). D. Antónia ficaria viúva com apenas 32 anos e voltaria casar em 1856, durante o seu "exílio" em Londres, com Francisco José da Silva Torres. Após a morte do seu primeiro marido, a coragem desta senhora não pára: fez grandes plantações de vinha no Douro, obras de benfeitoria, contratou colaboradores, construiu armazéns, comprou quintas importantes (Aciprestes, Porto, Mileu) e fundou outras, como o Monte Meão, tornando-se figura de primeira grandeza. Tão importante que o Duque de Saldanha (um dos homens mais poderosos do seu tempo) pretendia casar o seu filho com a menina Maria d`Assunção. Após recusa de D. Antónia, o Duque, habituado a não ser contrariado, manda os seus homens raptar a menina de apenas 12 anos. Ao saber da estratégia do Duque fogem para Espanha e depois para Inglaterra onde se refugiam. Na sua ausência seria Joaquim Monteiro Maia, seu colaborador, que tomaria conta do negócio. Em 12 de Maio de 1861, quando descia o rio na zona do Cachão da Valeira e após naufrágio do barco onde seguia, assiste à morte do seu amigo o Barão de Forrester. O ano de 1868 foi um ano excelente, as qualidades de vinho eram enormes e os viticultores não conseguiam vender o seu vinho. D. Antónia compra enormes quantidades de vinho para ajudar os agricultores na luta contra os baixos preços praticados pela abundância de vinho. Dois anos mais tarde surge a praga da filoxera que destrói quase a totalidade dos vinhedos, atirando os Durienses para a miséria. Mulher com uma capacidade enorme de negociar, pôde com alguma facilidade negociar com os ingleses todo o seu vinho que permanecia nos armazéns, contribuindo, assim, para um enriquecimento da casa Ferreira.
Em 1880 fica novamente viúva mas este seu descontentamento não a impossibilitou de continuar a obra de benfeitoria que havia começado, com os hospitais de Vila Real, Régua, Moncorvo e Lamego. D. Antónia é sem dúvida uma das maiores, se não a maior, personagem na história da região do Douro e do Vinho do Porto. Faleceu em 1896, aos 85 anos, na Casa das Nogueiras (Quinta das Nogueiras). O Douro perdera a sua Rainha. Actualmente a A. A. Ferreira, considerada uma das mais importantes casas de Vinho do Porto, já não faz parte da Família, tendo sido vendida em 1987 ao grupo Sogrape. Continua, contudo, a entregar anualmente o "Prémio Dona Antónia", destinado a distinguir as mulheres que mais se evidenciaram no mundo empresarial português.
Era uma pessoa que gostava de ajudar os mais pobres, que teve a coragem de desafiar homens poderosos e serviu de exemplo e orgulho das gentes Durienses.
A história dos Ferreiras começa com Bernardo Ferreira, proprietário no Douro, que sob pena de prisão foi obrigado pelo Marquês de Pombal a cultivar umas terras denominadas de Montes de Rodo, convertendo-as em bonitas quintas. Com este tipo de medidas, não muito correctas, o Marquês de Pombal conseguiu que muitos proprietários aumentassem os seus bens agrícolas. Foi morto pelas tropas de Napoleão, pois estas confundiram-no com um desertor, quando lhes dirigiu a palavra num impecável francês. Deixou 3 filhos, José, António e Francisco. José e António tiveram respectivamente uma filha, Antónia Adelaide, e um filho, António Bernardo, que casaram em 1834. Deste casamento têm 3 filhos, Maria d`Assunção (mais tarde condessa de Azambuja), um rapaz, de seu nome António Bernardo, e Maria Virgínia (tendo morrido em menina). D. Antónia ficaria viúva com apenas 32 anos e voltaria casar em 1856, durante o seu "exílio" em Londres, com Francisco José da Silva Torres. Após a morte do seu primeiro marido, a coragem desta senhora não pára: fez grandes plantações de vinha no Douro, obras de benfeitoria, contratou colaboradores, construiu armazéns, comprou quintas importantes (Aciprestes, Porto, Mileu) e fundou outras, como o Monte Meão, tornando-se figura de primeira grandeza. Tão importante que o Duque de Saldanha (um dos homens mais poderosos do seu tempo) pretendia casar o seu filho com a menina Maria d`Assunção. Após recusa de D. Antónia, o Duque, habituado a não ser contrariado, manda os seus homens raptar a menina de apenas 12 anos. Ao saber da estratégia do Duque fogem para Espanha e depois para Inglaterra onde se refugiam. Na sua ausência seria Joaquim Monteiro Maia, seu colaborador, que tomaria conta do negócio. Em 12 de Maio de 1861, quando descia o rio na zona do Cachão da Valeira e após naufrágio do barco onde seguia, assiste à morte do seu amigo o Barão de Forrester. O ano de 1868 foi um ano excelente, as qualidades de vinho eram enormes e os viticultores não conseguiam vender o seu vinho. D. Antónia compra enormes quantidades de vinho para ajudar os agricultores na luta contra os baixos preços praticados pela abundância de vinho. Dois anos mais tarde surge a praga da filoxera que destrói quase a totalidade dos vinhedos, atirando os Durienses para a miséria. Mulher com uma capacidade enorme de negociar, pôde com alguma facilidade negociar com os ingleses todo o seu vinho que permanecia nos armazéns, contribuindo, assim, para um enriquecimento da casa Ferreira.
Em 1880 fica novamente viúva mas este seu descontentamento não a impossibilitou de continuar a obra de benfeitoria que havia começado, com os hospitais de Vila Real, Régua, Moncorvo e Lamego. D. Antónia é sem dúvida uma das maiores, se não a maior, personagem na história da região do Douro e do Vinho do Porto. Faleceu em 1896, aos 85 anos, na Casa das Nogueiras (Quinta das Nogueiras). O Douro perdera a sua Rainha. Actualmente a A. A. Ferreira, considerada uma das mais importantes casas de Vinho do Porto, já não faz parte da Família, tendo sido vendida em 1987 ao grupo Sogrape. Continua, contudo, a entregar anualmente o "Prémio Dona Antónia", destinado a distinguir as mulheres que mais se evidenciaram no mundo empresarial português.
domingo, 20 de setembro de 2009
OS DEUSES ESTÃO FELIZES!
As vindimas têm um sabor a prémio.
Mesmo quando a vindima é insatifatória o produtor entrega-se como se contasse com maior fortuna. Com as uvas cortadas e as fermentações a decorrer a todo o gás, quase podemos dizer que mais um ano agrícola passou. Mas mais nos esperam! Estes são o principio de muitos. Quando o outono levar a folha é com todo o afinco e empenho que as mãos do homem já moldadas á tesoura atiram-se á poda, á enxertia, á cava, ao sulfato, enxofre, desladroamento, e com dedicação cuidam da cultura que mais amam como se as vinhas tivessem dado vinho para as bodas de caná!
Com todo o respeito pelas senhoras, muitos homens há até que é mais insultuoso falar-lhe mal da vinha do que dizer que a sua mulher é feia, é uma vaidade e um orgulho trazer as vinhas bem cuidadas. As restantes culturas ficam sempre para segundo plano, mas ás videiras não pode faltar nada. É uma paixão desmedida que não tem preço!
As vindimas não são só prémios, existe sempre o reverso da medalha que muitas vezes tem um sabor mais amargo, há aqueles dias em que quase não se aquece a cama, as refeições deixam de ter hora marcada, o telefone e outros meios de comunicação quase desaparecem e apenas são lembrados quando alguma emergência acontece.
Desengane-se quem julga que o vinho já não é feito com sangue suor e lágrimas...
Mesmo quando a vindima é insatifatória o produtor entrega-se como se contasse com maior fortuna. Com as uvas cortadas e as fermentações a decorrer a todo o gás, quase podemos dizer que mais um ano agrícola passou. Mas mais nos esperam! Estes são o principio de muitos. Quando o outono levar a folha é com todo o afinco e empenho que as mãos do homem já moldadas á tesoura atiram-se á poda, á enxertia, á cava, ao sulfato, enxofre, desladroamento, e com dedicação cuidam da cultura que mais amam como se as vinhas tivessem dado vinho para as bodas de caná!
Com todo o respeito pelas senhoras, muitos homens há até que é mais insultuoso falar-lhe mal da vinha do que dizer que a sua mulher é feia, é uma vaidade e um orgulho trazer as vinhas bem cuidadas. As restantes culturas ficam sempre para segundo plano, mas ás videiras não pode faltar nada. É uma paixão desmedida que não tem preço!
As vindimas não são só prémios, existe sempre o reverso da medalha que muitas vezes tem um sabor mais amargo, há aqueles dias em que quase não se aquece a cama, as refeições deixam de ter hora marcada, o telefone e outros meios de comunicação quase desaparecem e apenas são lembrados quando alguma emergência acontece.
Desengane-se quem julga que o vinho já não é feito com sangue suor e lágrimas...
domingo, 16 de agosto de 2009
Agosto...
Esta por horas o dia em que para mim vai começar mais uma vindima. A expectativa é sempre muita, como será este ano, como vais correr, que grau foi conseguido, qual será o estado sanitário das uvas?Como alguém que conhecemos diz: "sempre boa uva"
Que novidades nos esperam?
Cada vindima é um caso em particular, as vindimas não se repetem.E cada dia de vindima é especifico, é sempre um nascer de um novo dia. No hoje aprendemos com os erros de ontem para evitar os de amanha!
Não há receitas milagrosas! Os bons vinhos são sem dúvida nenhuma feitos na vinha. "Não há milagres", tudo depende da natureza, o solo, casta, porta-enxerto, natureza da rocha mãe, altitude, clima, sistema de condução e o Homem.
Já na adega recebem os 5 sentidos do enólogo que ano após anos se tenta superar em busca do melhor vinho, como se de uma obra prima se tratasse.
Que novidades nos esperam?
Cada vindima é um caso em particular, as vindimas não se repetem.E cada dia de vindima é especifico, é sempre um nascer de um novo dia. No hoje aprendemos com os erros de ontem para evitar os de amanha!
Não há receitas milagrosas! Os bons vinhos são sem dúvida nenhuma feitos na vinha. "Não há milagres", tudo depende da natureza, o solo, casta, porta-enxerto, natureza da rocha mãe, altitude, clima, sistema de condução e o Homem.
Já na adega recebem os 5 sentidos do enólogo que ano após anos se tenta superar em busca do melhor vinho, como se de uma obra prima se tratasse.
sábado, 1 de agosto de 2009
quarta-feira, 29 de julho de 2009
Se o Papa o diz...
"Se o pão é o símbolo do que o homem precisa, por seu lado o vinho é o símbolo da superabundância da qual também temos necessidade. Ele é sinal da alegria, da transfiguração da criação. Tira-nos da tristeza e do cansaço do dia a dia e faz do estar juntos uma festa. Alegra os sentidos e a alma, solta a língua e abre o coração; e transpõe as barreiras que limitam a nossa existência".
Joseph Ratzinger
Joseph Ratzinger
domingo, 26 de julho de 2009
A imagem que vos mostro é parte da região demarcada que a toda a força querem afogar.Interesses privados que falam sempre mais alto do que as verdadeiras necessidades do povo.A nostalgia que já está criada sem a obra estar terminada, as gentes destas terras que se sentem revoltadas, mas que ao mesmo tempo nada conseguem fazer! Gente pacifica que mói por dentro uma revolta enorme. Eu sou parte dessa gente, desse povo!
A imagem é da fantástica paisagem do rio Tua, na margem direita podemos ver a linha de comboio.
Convidava todos a fazerem a viagem do Tua a Mirandela, mas infelizmente até já isso nos tiraram...
Que esperança, que futuro???
E depois da Pérsia tinha de chegar até nós!
Portugal é um dos países de mais forte e longínqua tradição vitivinícola, representado actualmente por cerca de 248000 há em superfície de vinha com destino à produção de vinho, sendo o 5º produtor europeu e o 10º a nível mundial, com um pouco mais de 7 milhões de hectolitros ano.
A cultura da vinha na área que hoje Portugal compreende é muito anterior à sua fundação. Remonta ao tempo dos tartéssios (200 A.C) que cultivariam a videira algures no sul da península Ibérica. Documentos mais concretos apontam para a possível introdução de castas e comercialização de vinho por dos Fenícios (séc. X A.C), Gregos (séc. VII A.C) e Celtas (séc. VI A.C). contudo, é a partir da ocupação romana, concluída 15 anos A.C , que a vitivinicultura toma um incremento concreto através do cultivo de novas castas provenientes do Mediterrâneo, de praticas culturais das quais se salientam a poda e a condução da vinha, e técnicas enológicas, de que lagares cavados na rocha prensas e ânforas de fermentação e conservação são testemunho. A expansão da cultura da vinha faz-se então progressivamente, de sul para norte, conquistando lugar ao consumo de cidra e cerveja, usual não só nos povos autóctones, mas também dos Bárbaros invasores (Suevos e Visigodos) que com eles se fundiram.
A chegada do Cristianismo á península Ibérica (séc. II D.C) dá também forte incremento á produção e consumo de vinho, alem do mais, muito associado a celebração Eucarística. Mesmo com a ocupação Árabe que se inicia no ano 711, ate ser totalmente eliminada em 1249 pela conquista do Algarve aos Mouros, a cultura da vinha é tolerada nomeadamente a nível dos Moçárabes, a quem o consumo de vinho era permitido por parte do poder dominador Muçulmano.
Novo impulso surge na idade média, em particular após a fundação da nacionalidade, pela necessidade de povoamento do território e consequente arroteamento de terras maioritariamente destinadas á produção de cereais, azeite, castanha e vinho. São então concedidos inúmeros foros as populações, e doações as Ordens Religiosas, as quais a semelhança do que se passou noutras regiões vitícolas europeias, deram enorme incremento não só á cultura da vinha mas também a técnicas enológicas para a produção de vinhos de qualidade. De facto, já nos séculos XII e XIII o vinho constituía o principal artigo agrícola de exportação, ocupando posteriormente o Algarve no séc. XIV, a província de maior relevo, juntamente com os vinhos dos arredores do Porto e do Douro, já com exportações para a França e Flandres, e os licorosos de Moscatel e Malvasia provenientes da zona de Setúbal. Mas é pela barra de Viana do Castelo que no séc. XV, os vinhos começam a ter uma comercialização verdadeiramente regular com destino a Inglaterra, pela implantação de feitorias em Viana e Monção. É também nessa altura que os vinhos da Madeira ganham nome no mercado Inglês atingindo o seu expoente no séc. XVI.
Durante o séc. XIX a cultura da vinha continua a constituir uma das principais actividades agrícolas Portuguesas, não havendo contudo, salvo a Região Demarcada do Douro, regiões com especificação legalmente constituída. Elas surgem um pouco depois, em 1907 e 1908, ainda no reinado de D.Carlos, pela mão de João franco, através das demarcações, respectivamente, do Moscatel de Setúbal, primeiro, e dos vinhos verdes, colares, Carcavelos e dão, depois já após a implantação da republica, surge a demarcação de Bucelas em 1911 e da Madeira em 1913. Um considerável interregno ocorre até á criação da região da Bairrada, em 1979 e das Denominações Algarvias, em 1980.
Em 1988 e 1989 delimita-se 27 Indicações de Proveniência Regulamentada (I.P.R), ou seja, zonas consideradas com potencial vitivinícola especifico para produção de V.Q.P.R.D. , passando por um período transitório para que satisfaçam as condições exigidas á sua elevação a D.O.C. , nomeadamente pelo reconhecimento da qualidade dos seus vinhos e pela constituição de Comissões Vitivinícolas Regionais.
Actualmente estão consagradas 26 D.O.C
A cultura da vinha na área que hoje Portugal compreende é muito anterior à sua fundação. Remonta ao tempo dos tartéssios (200 A.C) que cultivariam a videira algures no sul da península Ibérica. Documentos mais concretos apontam para a possível introdução de castas e comercialização de vinho por dos Fenícios (séc. X A.C), Gregos (séc. VII A.C) e Celtas (séc. VI A.C). contudo, é a partir da ocupação romana, concluída 15 anos A.C , que a vitivinicultura toma um incremento concreto através do cultivo de novas castas provenientes do Mediterrâneo, de praticas culturais das quais se salientam a poda e a condução da vinha, e técnicas enológicas, de que lagares cavados na rocha prensas e ânforas de fermentação e conservação são testemunho. A expansão da cultura da vinha faz-se então progressivamente, de sul para norte, conquistando lugar ao consumo de cidra e cerveja, usual não só nos povos autóctones, mas também dos Bárbaros invasores (Suevos e Visigodos) que com eles se fundiram.
A chegada do Cristianismo á península Ibérica (séc. II D.C) dá também forte incremento á produção e consumo de vinho, alem do mais, muito associado a celebração Eucarística. Mesmo com a ocupação Árabe que se inicia no ano 711, ate ser totalmente eliminada em 1249 pela conquista do Algarve aos Mouros, a cultura da vinha é tolerada nomeadamente a nível dos Moçárabes, a quem o consumo de vinho era permitido por parte do poder dominador Muçulmano.
Novo impulso surge na idade média, em particular após a fundação da nacionalidade, pela necessidade de povoamento do território e consequente arroteamento de terras maioritariamente destinadas á produção de cereais, azeite, castanha e vinho. São então concedidos inúmeros foros as populações, e doações as Ordens Religiosas, as quais a semelhança do que se passou noutras regiões vitícolas europeias, deram enorme incremento não só á cultura da vinha mas também a técnicas enológicas para a produção de vinhos de qualidade. De facto, já nos séculos XII e XIII o vinho constituía o principal artigo agrícola de exportação, ocupando posteriormente o Algarve no séc. XIV, a província de maior relevo, juntamente com os vinhos dos arredores do Porto e do Douro, já com exportações para a França e Flandres, e os licorosos de Moscatel e Malvasia provenientes da zona de Setúbal. Mas é pela barra de Viana do Castelo que no séc. XV, os vinhos começam a ter uma comercialização verdadeiramente regular com destino a Inglaterra, pela implantação de feitorias em Viana e Monção. É também nessa altura que os vinhos da Madeira ganham nome no mercado Inglês atingindo o seu expoente no séc. XVI.
Durante o séc. XIX a cultura da vinha continua a constituir uma das principais actividades agrícolas Portuguesas, não havendo contudo, salvo a Região Demarcada do Douro, regiões com especificação legalmente constituída. Elas surgem um pouco depois, em 1907 e 1908, ainda no reinado de D.Carlos, pela mão de João franco, através das demarcações, respectivamente, do Moscatel de Setúbal, primeiro, e dos vinhos verdes, colares, Carcavelos e dão, depois já após a implantação da republica, surge a demarcação de Bucelas em 1911 e da Madeira em 1913. Um considerável interregno ocorre até á criação da região da Bairrada, em 1979 e das Denominações Algarvias, em 1980.
Em 1988 e 1989 delimita-se 27 Indicações de Proveniência Regulamentada (I.P.R), ou seja, zonas consideradas com potencial vitivinícola especifico para produção de V.Q.P.R.D. , passando por um período transitório para que satisfaçam as condições exigidas á sua elevação a D.O.C. , nomeadamente pelo reconhecimento da qualidade dos seus vinhos e pela constituição de Comissões Vitivinícolas Regionais.
Actualmente estão consagradas 26 D.O.C
sábado, 18 de julho de 2009
Vinho sem álcool
Lancers Rosé Free é o nome do “vinho” que está agora a ser lançado em Portugal pela José Maria da Fonseca. O Free já é comercializado na Suécia mas será vendido noutros mercados.
A equipa do enólogo Domingos Soares Franco usou uma técnica chamada de “spinning cone” para extrair o álcool de um vinho rosado normal e o resultado é o Lancers Free, com apenas 0,5% de taxa de álcool. Este produto, se é que podemos chamar-lhe vinho, tem vindo a ser testado junto de vários consumidores. O Free esteve, por exemplo, no último Encontro com o Vinho e Sabores, em Novembro passado.
O comunicado de lançamento diz que o Free “tem um sabor idêntico ao original, pode beber-se à vontade, sem receios de efeitos secundários e com menos calorias”.
A José Maria da Fonseca, que faz em 2009 175 anos de idade, prevê vendas aproximadas de 100 mil litros no primeiro ano. O Free já está em comercialização na Suécia mas irá para outros mercados, como Estados Unidos, Noruega e Canadá. Como quase não tem álcool, este produto pode ainda abrir as portas de novos mercados como, por exemplo, os Países Árabes.
A José Maria da Fonseca está também a estudar o lançamento do seu primeiro ‘vinho’ branco sem álcool, que deverá acontecer em breve.
Fonte: revista vinhos
A equipa do enólogo Domingos Soares Franco usou uma técnica chamada de “spinning cone” para extrair o álcool de um vinho rosado normal e o resultado é o Lancers Free, com apenas 0,5% de taxa de álcool. Este produto, se é que podemos chamar-lhe vinho, tem vindo a ser testado junto de vários consumidores. O Free esteve, por exemplo, no último Encontro com o Vinho e Sabores, em Novembro passado.
O comunicado de lançamento diz que o Free “tem um sabor idêntico ao original, pode beber-se à vontade, sem receios de efeitos secundários e com menos calorias”.
A José Maria da Fonseca, que faz em 2009 175 anos de idade, prevê vendas aproximadas de 100 mil litros no primeiro ano. O Free já está em comercialização na Suécia mas irá para outros mercados, como Estados Unidos, Noruega e Canadá. Como quase não tem álcool, este produto pode ainda abrir as portas de novos mercados como, por exemplo, os Países Árabes.
A José Maria da Fonseca está também a estudar o lançamento do seu primeiro ‘vinho’ branco sem álcool, que deverá acontecer em breve.
Fonte: revista vinhos
sexta-feira, 17 de julho de 2009
Solidariedade
A Quinta do Vallado doou 18 mil euros à Associação Via Nova, através do projecto "Adelaide" que pretende dar continuidade à obra social da histórica Dona Antónia Adelaide Ferreira - a "Ferreirinha da Régua".
Os responsáveis pela Quinta do Vallado, Francisco Ferreira e João Álvares Ribeiro, são tetranetos de Dona Antónia, que viveu no século XIX e historicamente ficou conhecida como a "Ferreirinha", tendo dedicado a sua vida à cultura da vinha e à produção de vinho, no Douro.
Apesar de liderar os negócios com "mão de ferro", Dona Antónia ficou também conhecida como a "mãe dos pobres" pela ajuda que lhes proporcionava e por, entre outros feitos, ter mandado construir o Hospital da Régua.
Foi para dar continuidade à sua obra, que a Quinta do Vallado, segundo João Álvares Ribeiro, lançou o projecto "Adelaide", que envolve 100 personalidades portuguesas e cujas receitas revertem a favor de uma instituição de solidariedade social.
António Barreto e Artur Santos Silva são duas das personalidades que dão o rosto à iniciativa.
O Vallado convidou este grupo a adquirir duas garrafas do vinho Adelaide 2005, lançado no mercado em 2008. Cada garrafa foi vendida a 90 euros.
João Álvares Ribeiro considera que o Adelaide nasceu para ser um "dos melhores vinhos nacionais", que "só será produzido em anos em que as condições sejam excelentes".
Este vinho é produzido a partir das vinhas mais antigas da quinta, onde estão plantadas mais de 40 castas diferentes com uma reduzida produtividade de 300 gramas de uvas por planta.
João Álvares Ribeiro salientou que, sempre que o Adelaide volte a ser produzido, a Quinta do Vallado voltará a repetir esta iniciativa, junto do mesmo grupo de personalidades.
A primeira a beneficiar do projecto foi a Associação Via Nova, uma instituição de Vila Real destinada a acolher crianças e adolescentes abandonados e em risco.
Um dos responsáveis pela associação, o padre Manuel Queirós revelou-se "muito satisfeito" com o apoio, salientando "as grandes dificuldades financeiras" da instituição.
A Via Nova, criada em 2004, acolhe actualmente 20 rapazes numa vivenda e num apartamento T4, provenientes de famílias desestruturadas, problemáticas e negligentes.
Já com terreno cedido pela Câmara de Vila Real, a grande ambição da associação é construir uma sede de raiz "mais adequada e própria para minimizar despesas e alargar o campo de apoio social".
Fonte: dn.sapo.pt
Os responsáveis pela Quinta do Vallado, Francisco Ferreira e João Álvares Ribeiro, são tetranetos de Dona Antónia, que viveu no século XIX e historicamente ficou conhecida como a "Ferreirinha", tendo dedicado a sua vida à cultura da vinha e à produção de vinho, no Douro.
Apesar de liderar os negócios com "mão de ferro", Dona Antónia ficou também conhecida como a "mãe dos pobres" pela ajuda que lhes proporcionava e por, entre outros feitos, ter mandado construir o Hospital da Régua.
Foi para dar continuidade à sua obra, que a Quinta do Vallado, segundo João Álvares Ribeiro, lançou o projecto "Adelaide", que envolve 100 personalidades portuguesas e cujas receitas revertem a favor de uma instituição de solidariedade social.
António Barreto e Artur Santos Silva são duas das personalidades que dão o rosto à iniciativa.
O Vallado convidou este grupo a adquirir duas garrafas do vinho Adelaide 2005, lançado no mercado em 2008. Cada garrafa foi vendida a 90 euros.
João Álvares Ribeiro considera que o Adelaide nasceu para ser um "dos melhores vinhos nacionais", que "só será produzido em anos em que as condições sejam excelentes".
Este vinho é produzido a partir das vinhas mais antigas da quinta, onde estão plantadas mais de 40 castas diferentes com uma reduzida produtividade de 300 gramas de uvas por planta.
João Álvares Ribeiro salientou que, sempre que o Adelaide volte a ser produzido, a Quinta do Vallado voltará a repetir esta iniciativa, junto do mesmo grupo de personalidades.
A primeira a beneficiar do projecto foi a Associação Via Nova, uma instituição de Vila Real destinada a acolher crianças e adolescentes abandonados e em risco.
Um dos responsáveis pela associação, o padre Manuel Queirós revelou-se "muito satisfeito" com o apoio, salientando "as grandes dificuldades financeiras" da instituição.
A Via Nova, criada em 2004, acolhe actualmente 20 rapazes numa vivenda e num apartamento T4, provenientes de famílias desestruturadas, problemáticas e negligentes.
Já com terreno cedido pela Câmara de Vila Real, a grande ambição da associação é construir uma sede de raiz "mais adequada e própria para minimizar despesas e alargar o campo de apoio social".
Fonte: dn.sapo.pt
sexta-feira, 8 de maio de 2009
Quem diria... Angola...
Crise internacional afectou as exportações em 2008, que desceram quase 19%. Num ano em que a colheita foi inferior em quantidade, mas de melhor qualidade, a boa notícia é que em termos de receitas as exportações portuguesas subiram três milhões de euros.
A quantidade de vinho exportado por Portugal em 2008 diminuiu quase 19%, embora em termos financeiros a crise internacional acabasse por não afectar os produtores portugueses, que conseguiram fechar o ano com um ganho superior a três milhões de euros, de acordo com os dados mais recentes do Instituto da Vinha e do Vinho.
Angola foi o principal responsável pelo facto de os produtores vinícolas portugueses terem tido um ano mais positivo do que poderiam imaginar, tendo em atenção as quebras em mercados importantes como os Estados Unidos, Reino Unido e França. Apesar de uma diminuição de 37 mil hectolitros no volume, as compras angolanas subiram mais de 7,6 milhões de euros em valor.
"Angola foi o nosso melhor mercado em 2008. É um mercado formidável, a que se tem prestado pouca atenção, mas ao qual temos de prestar mais, porque tanto leva vinho a granel - óptimo para escoar o excesso de produção - como tem imensos restaurantes e hotéis que querem vinho da melhor qualidade," adiantou Vasco d'Avillez, presidente da ViniPortugal, a associação que promove o vinho português no exterior.
Os números não incluem o vinho do Porto e o vinho da Madeira, cujas exportações (em quantidade) também caíram em 2008: o Porto caiu 5,7% e o Madeira 10,8%. Mas como as exportações para Angola não são significativas, os resultados também foram afectados: os exportadores de Porto perderam 7,8% de receitas e os do Madeira 10,4%.
Apesar de tudo, os produtores parecem optimistas em relação ao futuro e as notícias de que as vendas de vinho português nos mercados do Reino Unido e EUA subiram nos primeiros três meses do ano parecem contribuir para uma visão mais positiva para 2009, mesmo tendo em conta que a crise económica deverá prolongar-se por mais algum tempo.
Até o facto de a colheita de 2008/2009 ter diminuído 7,2% face à campanha de 2007/2008 é visto como um factor positivo para o vinho português, pois aumentou a qualidade da produção, o que permitirá reduzir gradualmente o peso do vinho a granel e de mesa (de qualidade inferior) nas exportações.
Longe vai o tempo em que o vinho nacional não era conhecido pela qualidade. Hoje, como diz Tiago Caravana, director de marketing da Comissão Vitivinícola do Alentejo, "os vinhos portugueses podem perfeitamente competir na relação preço/qualidade com os do denominado novo mundo (Argentina, África do Sul, Austrália, Chile e Califórnia)," cuja entrada em força nos anos 90 mudaram a estrutura do mercado internacional.
"É certo que, quando entraram, estes vinhos tinham uma boa relação preço/qualidade que neste momento já não é a mesma. Portugal tem vinhos muito competitivos e um factor de diferenciação que são as castas únicas, que se diferenciam dos Cabernet e dos Merlot. Só falta promovê--las, porque só se tornam um factor de escolha se o consumidor estiver informado", diz Caravana.
A quantidade de vinho exportado por Portugal em 2008 diminuiu quase 19%, embora em termos financeiros a crise internacional acabasse por não afectar os produtores portugueses, que conseguiram fechar o ano com um ganho superior a três milhões de euros, de acordo com os dados mais recentes do Instituto da Vinha e do Vinho.
Angola foi o principal responsável pelo facto de os produtores vinícolas portugueses terem tido um ano mais positivo do que poderiam imaginar, tendo em atenção as quebras em mercados importantes como os Estados Unidos, Reino Unido e França. Apesar de uma diminuição de 37 mil hectolitros no volume, as compras angolanas subiram mais de 7,6 milhões de euros em valor.
"Angola foi o nosso melhor mercado em 2008. É um mercado formidável, a que se tem prestado pouca atenção, mas ao qual temos de prestar mais, porque tanto leva vinho a granel - óptimo para escoar o excesso de produção - como tem imensos restaurantes e hotéis que querem vinho da melhor qualidade," adiantou Vasco d'Avillez, presidente da ViniPortugal, a associação que promove o vinho português no exterior.
Os números não incluem o vinho do Porto e o vinho da Madeira, cujas exportações (em quantidade) também caíram em 2008: o Porto caiu 5,7% e o Madeira 10,8%. Mas como as exportações para Angola não são significativas, os resultados também foram afectados: os exportadores de Porto perderam 7,8% de receitas e os do Madeira 10,4%.
Apesar de tudo, os produtores parecem optimistas em relação ao futuro e as notícias de que as vendas de vinho português nos mercados do Reino Unido e EUA subiram nos primeiros três meses do ano parecem contribuir para uma visão mais positiva para 2009, mesmo tendo em conta que a crise económica deverá prolongar-se por mais algum tempo.
Até o facto de a colheita de 2008/2009 ter diminuído 7,2% face à campanha de 2007/2008 é visto como um factor positivo para o vinho português, pois aumentou a qualidade da produção, o que permitirá reduzir gradualmente o peso do vinho a granel e de mesa (de qualidade inferior) nas exportações.
Longe vai o tempo em que o vinho nacional não era conhecido pela qualidade. Hoje, como diz Tiago Caravana, director de marketing da Comissão Vitivinícola do Alentejo, "os vinhos portugueses podem perfeitamente competir na relação preço/qualidade com os do denominado novo mundo (Argentina, África do Sul, Austrália, Chile e Califórnia)," cuja entrada em força nos anos 90 mudaram a estrutura do mercado internacional.
"É certo que, quando entraram, estes vinhos tinham uma boa relação preço/qualidade que neste momento já não é a mesma. Portugal tem vinhos muito competitivos e um factor de diferenciação que são as castas únicas, que se diferenciam dos Cabernet e dos Merlot. Só falta promovê--las, porque só se tornam um factor de escolha se o consumidor estiver informado", diz Caravana.
sexta-feira, 17 de abril de 2009
Touriga Franca
Mais conhecida por Touriga Francesa, é a casta tinta mais cultivada na região onde se produzem os vinhos do Douro e do Porto. Amiga do viticultor, é de cultivo fácil, pouco sujeita a doenças da vide e tem boa capacidade produtiva. Apresenta aromas finos e intensos, com notas de frutos pretos e flores silvestres, a que se juntam um bom corpo e cor. É uma das castas utilizadas na elaboração dos vinhos generosos durienses, associada a outras castas nobres da região, como a Tinta Roriz e a Touriga Nacional. Mas tem também capacidade para se afirmar por si só, como o provam algumas experiências bem sucedidas de vinhos varietais.
quinta-feira, 16 de abril de 2009
terça-feira, 14 de abril de 2009
A maravilhosa origem do Vinho
A mitologia romana atribui a Saturno a introdução das primeiras videiras na Península Ibérica, ela era imputada a Hercules.
Na Pérsia, a origem do vinho era também lendária:
Conta-se que um dia, quando o rei Djemchid se encontrava refastelado à sombra da sua tenda, observando o treino dos seus archeiros, foi o seu olhar atraído por uma cena que se desenrolava próximo: uma grande ave contorcia-se envolvida por uma enorme serpente, que lentamente a sufocava.O rei deu imediatamente ordem a um archeiro para que atirasse.Um tiro certeiro fez penetrar a flecha na cabeça da serpente, sem que a ave fosse atingida.Esta, liberta, voou até aos pés do soberano, e aí deixou cair umas sementes, que este mandou semear.Delas nasceu uma viçosa planta que deu frutos em abundância.
O rei bebia frequentemente o sumo desses frutos.Um dia, porém, achou-o amargo e mandou po-lo de parte; alguns meses mais tarde, uma bela escrava, favorita do rei, encontrando-se possuída de fortes dores de cabeça, desejou morrer.Tendo descoberto o sumo posto de parte, e supondo-o venenoso, bebeu dele.Dormiu (o que não conseguia havia muitas noites) e acordou curada e feliz.
A nova chegou aos ouvidos do rei, que promoveu o vinho à categoria de bebida do seu povo, baptizando-o Darou-é-Shah « o remédio do rei ».
Quando Cambises, descendente de Djemchid, fundou Persépolis, os viticultores plantaram vinhas em redor da cidade, as quais deram origem ao célebre vinho de Shiraz.
A vinha era objecto de enormes cuidados, e o mosto fermentava em grandes recipientes de 160 litros, as canforas. Foi este vinho que ajudou a dar coragem aos soldados de Cambises na conquista do fabuloso Egipto!
Na Pérsia, a origem do vinho era também lendária:
Conta-se que um dia, quando o rei Djemchid se encontrava refastelado à sombra da sua tenda, observando o treino dos seus archeiros, foi o seu olhar atraído por uma cena que se desenrolava próximo: uma grande ave contorcia-se envolvida por uma enorme serpente, que lentamente a sufocava.O rei deu imediatamente ordem a um archeiro para que atirasse.Um tiro certeiro fez penetrar a flecha na cabeça da serpente, sem que a ave fosse atingida.Esta, liberta, voou até aos pés do soberano, e aí deixou cair umas sementes, que este mandou semear.Delas nasceu uma viçosa planta que deu frutos em abundância.
O rei bebia frequentemente o sumo desses frutos.Um dia, porém, achou-o amargo e mandou po-lo de parte; alguns meses mais tarde, uma bela escrava, favorita do rei, encontrando-se possuída de fortes dores de cabeça, desejou morrer.Tendo descoberto o sumo posto de parte, e supondo-o venenoso, bebeu dele.Dormiu (o que não conseguia havia muitas noites) e acordou curada e feliz.
A nova chegou aos ouvidos do rei, que promoveu o vinho à categoria de bebida do seu povo, baptizando-o Darou-é-Shah « o remédio do rei ».
Quando Cambises, descendente de Djemchid, fundou Persépolis, os viticultores plantaram vinhas em redor da cidade, as quais deram origem ao célebre vinho de Shiraz.
A vinha era objecto de enormes cuidados, e o mosto fermentava em grandes recipientes de 160 litros, as canforas. Foi este vinho que ajudou a dar coragem aos soldados de Cambises na conquista do fabuloso Egipto!
segunda-feira, 23 de março de 2009
TRATADO DE VITICULTURA "A Videira a Vinha e o Terroir"
Nuno Magalhães, professor Emérito da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD, é o autor do livro "Tratado de Viticultura - A videira, a vinha, o Terroir", que, segundo disse à Agência Lusa, pretende colmatar uma "lacuna" na literatura portuguesa sobre a vitivinicultura.
O livro pretende ser uma obra didáctica sobre o tema técnico-científico da viticultura. Ao longo de mais de 600 páginas, o professor fala sobre o ciclo vegetativo e reprodutor, a propagação da videira, morfologia externa e histologia da videira, melhoramento genético, a instalação da vinha, poda de Inverno e condução, Ecofisiologia da vinha, rega, ou doenças, pragas e desordens provocadas por factores abióticos.
Professor e investigador há 30 anos na Universidade de Vila Real, Nuno Magalhães desempenhou um importante papel em investigações relacionadas com a selecção genética da videira e é consultor de empresas de várias regiões vitícolas do país.
terça-feira, 17 de março de 2009
O DOURO
O vinho é, no Douro, a memória de todos, o fio condutor de gerações. O vinho está presente do modo mais indelével que seja:nas consciências e nos sentimentos.Mas também reina na paisagem, naqueles formidaveis socalcos que, montanha acima, acabam por lhe dar forma e feitio. Duas forças colossais fizeram o Douro que está diante dos nossos olhos: a do Rio e a dos Homens.
Visto do ar, dos vales ou do leito do rio, o que se vê é sempre obra do Homem...
Visto do ar, dos vales ou do leito do rio, o que se vê é sempre obra do Homem...
domingo, 1 de março de 2009
terça-feira, 24 de fevereiro de 2009
Enologia, uma ciência Quimica
Lavoisier demonstrou que o açúcar se transforma em álcool e em gás carbónico que se desprende. Foi precisamente a esse propósito da fermentação que ele formulou o primeiro principio da química:
"Na natureza nada se perde, nada se cria, TUDO se transforma".
Sobre a fermentação disse também:
"É UMA DAS OPERAÇÕES MAIS SURPREENDENTES E MAIS EXTRAORDINÁRIAS DE TODAS AS QUE A QUÍMICA NOS APRESENTA"
O mais surpreendente é que o homem soube utilizar os fenomenos muito antes de os saber explicar.
Quando andávamos na escola e nos foram transmitidos estes ensinamentos nunca nos foi ensinado onde eles foram baseados, talvez isso se deva a facto de o vinho ser associado a um enorme preconceito que com o tempo acredito que será superado.
"Na natureza nada se perde, nada se cria, TUDO se transforma".
Sobre a fermentação disse também:
"É UMA DAS OPERAÇÕES MAIS SURPREENDENTES E MAIS EXTRAORDINÁRIAS DE TODAS AS QUE A QUÍMICA NOS APRESENTA"
O mais surpreendente é que o homem soube utilizar os fenomenos muito antes de os saber explicar.
Quando andávamos na escola e nos foram transmitidos estes ensinamentos nunca nos foi ensinado onde eles foram baseados, talvez isso se deva a facto de o vinho ser associado a um enorme preconceito que com o tempo acredito que será superado.
Enologia, uma ciência microbiológica
Pode afirmar-se que as bases da enologia foram estabelecidas pelo primeiro dos microbiólogos, Pasteur. Assim a enologia cientifica nasceu com o aparecimento da microbiologia.
O vinho é formado por microrganismos, transformado por bactérias úteis, e são também bactérias estas nocivas, que em condições diferentes podem destruí-lo.
Os microrganismos que participam na vinificação, agem mais ou menos profundamente sobre a composição do vinho, e por isso, são em grande parte responsáveis pelo seu gosto e aromas.
A vinificação e a conservação do vinho são dominadas por problemas microbiológicos. A transformação racional da uva em vinho implica bons conhecimentos e boa utilização das leveduras e das bactérias lácticas.O sucesso da vinificação está subordinado á condução razoável dos fenómenos microbiológicos.
Por outro lado, a conservação do vinho, produto perecível, é uma luta constante contra a acção dos microrganismos de alteração.
A ciência do vinho é em grande parte microbiologia aplicada. Certamente que ainda não foram esgotadas todas as possibilidades que o mundo microbiano tem para nos oferecer no capitulo dos problemas da vinificação.
Não existem segredos nos grandes vinho, nos vinhos mais afamados.Esta tudo nas uvas e no bom desempenho dos enólogos, que ano após ano tentam superar-se e surpreender com vinhos ainda melhores.
O vinho é formado por microrganismos, transformado por bactérias úteis, e são também bactérias estas nocivas, que em condições diferentes podem destruí-lo.
Os microrganismos que participam na vinificação, agem mais ou menos profundamente sobre a composição do vinho, e por isso, são em grande parte responsáveis pelo seu gosto e aromas.
A vinificação e a conservação do vinho são dominadas por problemas microbiológicos. A transformação racional da uva em vinho implica bons conhecimentos e boa utilização das leveduras e das bactérias lácticas.O sucesso da vinificação está subordinado á condução razoável dos fenómenos microbiológicos.
Por outro lado, a conservação do vinho, produto perecível, é uma luta constante contra a acção dos microrganismos de alteração.
A ciência do vinho é em grande parte microbiologia aplicada. Certamente que ainda não foram esgotadas todas as possibilidades que o mundo microbiano tem para nos oferecer no capitulo dos problemas da vinificação.
Não existem segredos nos grandes vinho, nos vinhos mais afamados.Esta tudo nas uvas e no bom desempenho dos enólogos, que ano após ano tentam superar-se e surpreender com vinhos ainda melhores.
sábado, 21 de fevereiro de 2009
segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009
Touriga Nacional
Foi, em tempos idos, a casta dominante na região do Dão e a responsável quase exclusiva pela fama dos seus vinhos. É, hoje, uma das mais utilizadas no Douro e tida como uma das mais nobres castas tintas portuguesas. A Touriga Nacional dá vinhos retintos, encorpados, poderosos e com excepcionais qualidades aromáticas. Tem frequentemente notas de amora, mirtilo, esteva e rosmaninho. A sua fama tem vindo a espalhá-la por quase todas as regiões vitícolas, do extremo Norte até ao Algarve, e está mesmo a aguçar a curiosidade de viticultores estrangeiros . Envelhece bem e ganha em complexidade aromática com estágio em madeira de carvalho.
domingo, 25 de janeiro de 2009
Livros
«É mais difícil ir ao Meão do que a Luanda», diz Nicolau de Almeida neste livro belíssimo de Ana Sofia Fonseca. Eu compreendo-o bem. Nasci muito perto do Meão, alias da Quinta do Vale Meão, referência completa no mapa da região. Vivi no Pocinho os dias mais felizes da minha infância — ali, onde se colhiam as uvas e se preparava o Barca Velha, e onde era mais difícil chegar do que a Luanda. Compreendo bem o lamento. Ainda hoje é difícil chegar por estrada a esse ponto do mapa onde o calor de Agosto é mais do que uma ameaça: nuvens de poeira e nuvens de calor confundem-se, os termómetros ultrapassam com frequência os 40 graus centígrados, o ruído das cigarras é mais ensurdecedor do que nos romances que falavam do assunto, a noite chega como uma promessa de alívio. Nessa hora logo depois do crepúsculo esperava-se que a brisa que envolvia a aldeia passasse pelo leito do rio antes de subir para as colinas. Era, repito, a única promessa de alívio - a menos que surgissem sob os picos dos montes (na Lousa, em Sto. Amaro, para os lados das Mós, vindas de Numão) umas nuvens que sugeriam chuva.
Mais tarde, quando aprendi o significado exacto da expressão «chuva tropical», lembrei-me do Pocinho, lembrei-me da Quinta do Campo submersa nessa neblina azulada que se confundia com a curva do rio, diante da Quinta do Reguengo, lembrei-me da planície inclinada de vinhas da Quinta do Vale Meão, lembrei-me dos vultos dos pequenos barcos de pescadores fluviais sob a velha ponte de ferro por onde passava um comboio alegre e saltitante a caminho de Miranda do Douro, preparando-se para subir por entre falésias, reentrâncias, sombras, tufos de mato, ate Moncorvo.
As minhas memórias do vinho do Douro têm a ver com esse cenário. Não é por acaso que ele aparece logo a abrir o livro de Ana Sofia Fonseca. O vinho do Douro sempre me pareceu um milagre. O aroma de mosto cruzando os ares em meados e finais de Setembro, misturado com os últimos tons vivos das amendoeiras, com os picos cobertos de zimbro, com o ruído dos comboios que circulavam entre a Barca d'Alva e o Porto. E havia aquela música ininteligível, certamente: a das vindimas, a dos trabalhos no socalco, iluminada pela luz fantástica do Douro, entrando pelos pomares, pelas hortas, pelos olivais e amendoais, atravessando a sombra dos choupos, os juncos à beira da água.
O Douro, por isso tudo, é um rio habituado a ver milagres. Se não existe uma explicação racional, sociológica, histórica, económica, eu encontro essa - que me serve perfeitamente: trata-se de um milagre. Certamente que a história do vinho do Douro, e a do Vinho do Porto muito mais, explica-se por dinastias de gente atrevida que experimentou, inventou e recriou sabedorias ancestrais até conseguir a bebida que vem em todos os grandes poetas desde a Antiguidade, exagerada pelo êxtase.
Para quem viaja ao longo do Douro no velho comboio — que hoje parece condenado ao desaparecimento - essa historia de milagres parece uma coisa romântica. De certo modo, é. As quintas estacionadas a meio das colinas, os ancoradouros presos às falésias, as pequenas baías em lugares insuspeitos, ribeiros que desaguam de repente (vindos da Beira - de um lado - ou de Trás-os-Montes - do outro), pontes que atravessaram o século para que nos habituássemos à sua imagem, tudo isso esta povoado de uma mitologia particular, que é romântica, e, ao mesmo tempo, de uma história de sofrimentos. Só assim se compreende a humaníssima natureza daqueles socalcos talhados a mão, inclinados sobre o rio.
A quem escreve sobre vinhos, sobre os seus sabores, sobre o carácter delituoso do vinho, eu recomendo sempre uma viagem ao longo do Douro. Quando mais não seja para confirmar a justeza dessa frase que o leitor encontrará daqui a algumas paginas: «É mais difícil ir ao Meão do que a Luanda.» James Murphy, um interessante inglês que viajou por Portugal no século XVIII (e publicou mesmo as suas impressões num Travels in Portugal), escreveu que «um português pode fretar um navio para o Brasil com menos dificuldade do que Ihe é preciso para ir a cavalo de Lisboa ao Porto». Imaginem-se agora as dificuldades quase intransponíveis que se Ihe ofereciam para ir ao Meão.
Não foi por isso que os ingleses deixaram de se interessar pelo Douro e que, alguns, como o lendário Barão de Forrester, se fixaram nas margens do rio dos milagres. Eu chamo-lhe rio dos milagres a esse rio que engoliu o Barão no cachão da Valeira - e tenho algumas razões. Uma delas tem a ver com o vinho. O poeta Ibris ben-al-Yaman, que viveu no Al-Andaluz do século XI, associou o vinho à arte de voar - os corpos cheios de vinho estariam, afinal, cheios de espíritos. O Douro favorece esse contacto entre os homens e os espíritos: a doçura contagiante do seu vinho é calorosa e romântica, para dar razão a um dos meus grandes autores, Arquíloco, que - a propósito do vinho, da sua prova - falava de «um raio a deflagrar no espírito». Um vinho prodigioso como o do Douro, rescendendo a tudo o que a terra inventou para nos separar do que é acessório, merece que invoquemos os clássicos, muito mais do que as lengalengas dos académicos que visitam as adegas com o compêndio atado à cintura. Por isso é quase brutal a visita que Ana Sofia Fonseca faz junto deste nome: Nicolau de Almeida - um mago cujo inimitável trabalho merece distinção e prémio.
Nenhuma filoxera poderia fazer esquecer o seu trabalho e a sua criação. É certo que (e isto é a minha opinião de regionalista) o Douro favorece a sua competência olfactiva. O rio dos milagres transporta todos os frutos e todos os aromas. Eu acrescentaria isso ao que Ana Sofia Fonseca refere como a tríade de competências necessárias a um enólogo de excepção, um dos nossos génios, como Soares Franco: «Amor pelo ofício; nariz sensível, dom ganho à nascença e intimamente relacionado com a condição física e intelectual de cada um e, por fim, um bom mestre.»
O Barca Velha faz parte daquilo que o Douro não pode dispensar. Mais do que isso: é uma das glórias do Douro, só possível com essa contribuição de homens como os Nicolau de Almeida, os Soares Franco - a eles devemos a construção de uma mitologia danada, inscrita nas águas do rio dos milagres e nas tentações de quem ama verdadeiramente o seu ofício. É certo que cada papila procura a sua salvação num vinho diferente do outro — mas o Barca Velha, com o seu rasto de afrontas ao país pequenino e vulgar (ultrapassando-o, humilhando-o, e à sua mediocridade), é obra de génio. A vasta literatura sobre a idade madura dos vinhos Portugueses nunca ficaria completa sem o tributo a prestar aos vinhos do Meão, aos velhos e aos novos.
De cada vez que visito a minha terra, de cada vez que desço aquela estrada de Foz Côa (onde, de facto, nasci) para o Pocinho de todas as minhas infâncias, procuro identificar as vinhas. O rio já é outro. Já não é o imenso espelho rodeando a curva das Frieiras, junto às Cortes - uma barragem interrompeu-lhe o curso, moderando a corrente, para cá do Meão. Muitas vezes ia a pé entre o Pocinho e as correntes de Almendra e Castelo Melhor e apreciava essas vinhas. Sempre me pareceu que se desprendia, dali, um aroma que antecipava o «raio a deflagrar no espírito» que se lê em Arquíloco. O rio já não recebe, nas suas margens, as sombras salvadoras dos choupos e das oliveiras do Pocinho, dos seus pomares magníficos, avantajados - apenas o calor imenso, o calor que entorpece, o ruído das cigarras nas colinas. Ana Sofia Fonseca presta uma inestimável homenagem à minha terra e ao rio dos milagres falando de um vinho que se devia associar à nossa cultura mais profunda e mais erudita. O Barca Velha é um trabalho de erudição, evidentemente. Dispensando os sufrágios das academias, ele entra nos nossos dicionários como sinónimo de poesia «os vinhos odoríferos», de que falava Camões, mas também os vinhos com «mais alma que muito poema ou livro santo», como escrevia Eça, da mais intensa, da mais inesquecível. Na sua história está a história de uma paixão pelo vinho e de uma obra de cultura.
Diz-se, na tradição bíblica, que Noé se dedicou a plantar vinhas depois de ter sobrevivido ao dilúvio. Os vários dilúvios do Douro, certamente divinos, por serem tão intensos e tão inesperados, não interromperam essa alquimia que tornou possível o Barca Velha. A nossa alma tem enorme divida de gratidão para com os seus criadores.
Prefácio ao livro “Barca Velha – Histórias de um vinho” de Ana Sofia Fonseca, Ed. Dom Quixote (Colecção Cadernos de Reportagem), Lisboa, 2004
sábado, 24 de janeiro de 2009
sexta-feira, 23 de janeiro de 2009
Citações
"Diz-se «in vino veritas», mas diz-se também que a verdade está no fundo de um poço; logo é um poço cheio de vinho".
Autor: Raymond Aron
Autor: Raymond Aron
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