domingo, 26 de julho de 2009

E depois da Pérsia tinha de chegar até nós!

Portugal é um dos países de mais forte e longínqua tradição vitivinícola, representado actualmente por cerca de 248000 há em superfície de vinha com destino à produção de vinho, sendo o 5º produtor europeu e o 10º a nível mundial, com um pouco mais de 7 milhões de hectolitros ano.
A cultura da vinha na área que hoje Portugal compreende é muito anterior à sua fundação. Remonta ao tempo dos tartéssios (200 A.C) que cultivariam a videira algures no sul da península Ibérica. Documentos mais concretos apontam para a possível introdução de castas e comercialização de vinho por dos Fenícios (séc. X A.C), Gregos (séc. VII A.C) e Celtas (séc. VI A.C). contudo, é a partir da ocupação romana, concluída 15 anos A.C , que a vitivinicultura toma um incremento concreto através do cultivo de novas castas provenientes do Mediterrâneo, de praticas culturais das quais se salientam a poda e a condução da vinha, e técnicas enológicas, de que lagares cavados na rocha prensas e ânforas de fermentação e conservação são testemunho. A expansão da cultura da vinha faz-se então progressivamente, de sul para norte, conquistando lugar ao consumo de cidra e cerveja, usual não só nos povos autóctones, mas também dos Bárbaros invasores (Suevos e Visigodos) que com eles se fundiram.
A chegada do Cristianismo á península Ibérica (séc. II D.C) dá também forte incremento á produção e consumo de vinho, alem do mais, muito associado a celebração Eucarística. Mesmo com a ocupação Árabe que se inicia no ano 711, ate ser totalmente eliminada em 1249 pela conquista do Algarve aos Mouros, a cultura da vinha é tolerada nomeadamente a nível dos Moçárabes, a quem o consumo de vinho era permitido por parte do poder dominador Muçulmano.
Novo impulso surge na idade média, em particular após a fundação da nacionalidade, pela necessidade de povoamento do território e consequente arroteamento de terras maioritariamente destinadas á produção de cereais, azeite, castanha e vinho. São então concedidos inúmeros foros as populações, e doações as Ordens Religiosas, as quais a semelhança do que se passou noutras regiões vitícolas europeias, deram enorme incremento não só á cultura da vinha mas também a técnicas enológicas para a produção de vinhos de qualidade. De facto, já nos séculos XII e XIII o vinho constituía o principal artigo agrícola de exportação, ocupando posteriormente o Algarve no séc. XIV, a província de maior relevo, juntamente com os vinhos dos arredores do Porto e do Douro, já com exportações para a França e Flandres, e os licorosos de Moscatel e Malvasia provenientes da zona de Setúbal. Mas é pela barra de Viana do Castelo que no séc. XV, os vinhos começam a ter uma comercialização verdadeiramente regular com destino a Inglaterra, pela implantação de feitorias em Viana e Monção. É também nessa altura que os vinhos da Madeira ganham nome no mercado Inglês atingindo o seu expoente no séc. XVI.
Durante o séc. XIX a cultura da vinha continua a constituir uma das principais actividades agrícolas Portuguesas, não havendo contudo, salvo a Região Demarcada do Douro, regiões com especificação legalmente constituída. Elas surgem um pouco depois, em 1907 e 1908, ainda no reinado de D.Carlos, pela mão de João franco, através das demarcações, respectivamente, do Moscatel de Setúbal, primeiro, e dos vinhos verdes, colares, Carcavelos e dão, depois já após a implantação da republica, surge a demarcação de Bucelas em 1911 e da Madeira em 1913. Um considerável interregno ocorre até á criação da região da Bairrada, em 1979 e das Denominações Algarvias, em 1980.
Em 1988 e 1989 delimita-se 27 Indicações de Proveniência Regulamentada (I.P.R), ou seja, zonas consideradas com potencial vitivinícola especifico para produção de V.Q.P.R.D. , passando por um período transitório para que satisfaçam as condições exigidas á sua elevação a D.O.C. , nomeadamente pelo reconhecimento da qualidade dos seus vinhos e pela constituição de Comissões Vitivinícolas Regionais.
Actualmente estão consagradas 26 D.O.C

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