quarta-feira, 30 de setembro de 2009

A VIDA É FEITA DE NADAS
DE GRANDES SERRAS PARADAS
À ESPERA DE MOVIMENTO
DE CEARAS ONDULADAS
PELO VENTO

DE CASAS DE MORADIA
CAÍDAS E COM SINAIS
DE NINHOS QUE OUTRORA HAVIA
NOS BEIRAIS

DE POEIRA
DE SOMBRA DE UMA FIGUEIRA
DE VER ESTA MARAVILHA:

MEU PAI ERGUER UMA VIDEIRA
COMO UMA MÃE QUE FAZ
A TRANÇA Á FILHA



MIGUEL TORGA

sábado, 26 de setembro de 2009

Preocupante

A redução da produção de Vinho do Porto nesta vindima vai agravar a situação "já difícil" de muitos viticultores durienses, que não viram o preço de venda do vinho aumentar nos últimos 10 anos, alertou o presidente da Casa do Douro (CD).

Na vindima 2009, a Região Demarcada do Douro vai beneficiar 110.000 pipas de vinho, menos 13.500 que no ano anterior. Esta redução traduz-se em menos 13,5 milhões de euros de rendimentos para os produtores vitivinícolas.

"Em muitos lares do Douro vão ter que comer o arrozinho com molho de tomate e uma sardinha para duas ou três pessoas. Sei que isto agride mas é a realidade que já vivem muitas famílias no Douro", salientou o presidente da CD.

Fonte: www.rtp.pt

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

O Orgulho a Força e a Motivação...



Falar do Vinho do Porto e do Douro sem falar de D. Antónia é quase impossível. Personagem da vida do Douro e do Vinho do Porto, conhecida por "Ferreirinha", nasceu na Régua em 1811. Mulher determinada e corajosa, construiu um enorme império durante o século XIX.
Era uma pessoa que gostava de ajudar os mais pobres, que teve a coragem de desafiar homens poderosos e serviu de exemplo e orgulho das gentes Durienses.
A história dos Ferreiras começa com Bernardo Ferreira, proprietário no Douro, que sob pena de prisão foi obrigado pelo Marquês de Pombal a cultivar umas terras denominadas de Montes de Rodo, convertendo-as em bonitas quintas. Com este tipo de medidas, não muito correctas, o Marquês de Pombal conseguiu que muitos proprietários aumentassem os seus bens agrícolas. Foi morto pelas tropas de Napoleão, pois estas confundiram-no com um desertor, quando lhes dirigiu a palavra num impecável francês. Deixou 3 filhos, José, António e Francisco. José e António tiveram respectivamente uma filha, Antónia Adelaide, e um filho, António Bernardo, que casaram em 1834. Deste casamento têm 3 filhos, Maria d`Assunção (mais tarde condessa de Azambuja), um rapaz, de seu nome António Bernardo, e Maria Virgínia (tendo morrido em menina). D. Antónia ficaria viúva com apenas 32 anos e voltaria casar em 1856, durante o seu "exílio" em Londres, com Francisco José da Silva Torres. Após a morte do seu primeiro marido, a coragem desta senhora não pára: fez grandes plantações de vinha no Douro, obras de benfeitoria, contratou colaboradores, construiu armazéns, comprou quintas importantes (Aciprestes, Porto, Mileu) e fundou outras, como o Monte Meão, tornando-se figura de primeira grandeza. Tão importante que o Duque de Saldanha (um dos homens mais poderosos do seu tempo) pretendia casar o seu filho com a menina Maria d`Assunção. Após recusa de D. Antónia, o Duque, habituado a não ser contrariado, manda os seus homens raptar a menina de apenas 12 anos. Ao saber da estratégia do Duque fogem para Espanha e depois para Inglaterra onde se refugiam. Na sua ausência seria Joaquim Monteiro Maia, seu colaborador, que tomaria conta do negócio. Em 12 de Maio de 1861, quando descia o rio na zona do Cachão da Valeira e após naufrágio do barco onde seguia, assiste à morte do seu amigo o Barão de Forrester. O ano de 1868 foi um ano excelente, as qualidades de vinho eram enormes e os viticultores não conseguiam vender o seu vinho. D. Antónia compra enormes quantidades de vinho para ajudar os agricultores na luta contra os baixos preços praticados pela abundância de vinho. Dois anos mais tarde surge a praga da filoxera que destrói quase a totalidade dos vinhedos, atirando os Durienses para a miséria. Mulher com uma capacidade enorme de negociar, pôde com alguma facilidade negociar com os ingleses todo o seu vinho que permanecia nos armazéns, contribuindo, assim, para um enriquecimento da casa Ferreira.
Em 1880 fica novamente viúva mas este seu descontentamento não a impossibilitou de continuar a obra de benfeitoria que havia começado, com os hospitais de Vila Real, Régua, Moncorvo e Lamego. D. Antónia é sem dúvida uma das maiores, se não a maior, personagem na história da região do Douro e do Vinho do Porto. Faleceu em 1896, aos 85 anos, na Casa das Nogueiras (Quinta das Nogueiras). O Douro perdera a sua Rainha. Actualmente a A. A. Ferreira, considerada uma das mais importantes casas de Vinho do Porto, já não faz parte da Família, tendo sido vendida em 1987 ao grupo Sogrape. Continua, contudo, a entregar anualmente o "Prémio Dona Antónia", destinado a distinguir as mulheres que mais se evidenciaram no mundo empresarial português.

domingo, 20 de setembro de 2009

OS DEUSES ESTÃO FELIZES!

As vindimas têm um sabor a prémio.

Mesmo quando a vindima é insatifatória o produtor entrega-se como se contasse com maior fortuna. Com as uvas cortadas e as fermentações a decorrer a todo o gás, quase podemos dizer que mais um ano agrícola passou. Mas mais nos esperam! Estes são o principio de muitos. Quando o outono levar a folha é com todo o afinco e empenho que as mãos do homem já moldadas á tesoura atiram-se á poda, á enxertia, á cava, ao sulfato, enxofre, desladroamento, e com dedicação cuidam da cultura que mais amam como se as vinhas tivessem dado vinho para as bodas de caná!

Com todo o respeito pelas senhoras, muitos homens há até que é mais insultuoso falar-lhe mal da vinha do que dizer que a sua mulher é feia, é uma vaidade e um orgulho trazer as vinhas bem cuidadas. As restantes culturas ficam sempre para segundo plano, mas ás videiras não pode faltar nada. É uma paixão desmedida que não tem preço!

As vindimas não são só prémios, existe sempre o reverso da medalha que muitas vezes tem um sabor mais amargo, há aqueles dias em que quase não se aquece a cama, as refeições deixam de ter hora marcada, o telefone e outros meios de comunicação quase desaparecem e apenas são lembrados quando alguma emergência acontece.

Desengane-se quem julga que o vinho já não é feito com sangue suor e lágrimas...