A filoxera é um minúsculo insecto (0,3 a 3 mm de comprimento nos seus diversos estádios de desenvolvimento) sugador de seiva, aparentado com os pulgões, com um ciclo de vida muito complexo e totalmente dependente da vinha, única planta em que pode desenvolver-se.
Um professor meu dizia: “a filoxera é como a coca-cola, é ruim e vem da América”. A filoxera está hoje presente em todos os continentes, sendo um dos exemplos mais marcantes do efeito humano sobre a dispersão das espécies, já que, em poucas décadas, esta espécie evoluiu de um habitat localizado para uma distribuição global, com uma rapidez que, ainda hoje, não deixa de surpreender.
A sua expansão foi rápida e devastadora progredindo pelos vinhedos em "mancha de óleo" a partir dos pontos de infecção. A velocidade de expansão dependeu da densidade das vinhas e das características edáfo-climáticas das regiões, progredindo mais rapidamente na direcção dos ventos dominantes no fim do verão dado que a fundação de novas colónias depende da chegada das minúsculas fêmeas que são facilmente arrastadas pelos ventos.
A sua introdução em territórios distantes deve-se à imprudência humana já que os ovos de inverno e as formas radículas sobrevivem facilmente ao transporte de plantio ou de partes das videiras, podendo mesmo os ovos ser transportados em ferramentas, roupas ou outros objectos que tenham estado em contacto com videiras infectadas. Assim, apesar de todos cuidados e das medidas de isolamento fitossanitário tomadas em muitos estados desde os finais do século XIX para combater esta praga, ela não parou de se expandir.
Esta praga foi identificada pela primeira vez em Portugal em 1865 na região demarcada do douro mais propriamente em vila real. Imediatamente as vinhas começaram a ficar destruídas e como consequência deixou de haver vinho. O vinho de Porto na altura era o produto mais exportado do nosso país que mais contribuía para a economia nacional. A situação de crise estava instalada governo foi obrigado a tomar medidas chamadas na altura de "quase de foro de salvação nacional". Foram tempos duros e muito difíceis!
Mas a salvação surgiu pelas mãos de Dona Antónia Adelaide Ferreira, A Ferreirinha, descobre que as videiras enxertadas em porta-enxertos americanos são resistentes a praga. Tendo a certeza desse facto manda enxertar todas a vinhas com esses porta-enxertos. Hoje em dia nós mesmo ainda chamamos e muito empiricamente americano aos porta-enxertos utilizados para a plantação das vinhas novas.
Passado mais de um século do aparecimento da praga podemos ver ainda hoje na nossa região os mortórios, vinhas atacadas pela filoxera e abandonadas desde então. Sebastião José de Carvalho e Melo, O Marquês de Pombal, autoriza o cultivo do tabaco nas terras Durienses, mas em vão. Não sabíamos cultivar tabaco, nunca tínhamos ouvido falar da cultura, não fazia parte da nossa cultura.
Aquilo que nos une à vinha é muito mais forte do que aquilo que nos separa…
quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010
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